Cuba admite erros e atrasos em suas reformas econômicas

Segundo no governo, depois de três anos de alto rendimento de implementação de políticas desde 2011, o ritmo caiu por erros no planejamento e controle

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Por Redação
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HAVANA - O Partido Comunista de Cuba, que dirige os destinos da ilha, admitiu erros e atrasos nos planos de atualização de seu modelo econômico, mas assegurou que as mudanças continuarão com uma maior participação de organismos do Estado.

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O tema foi avaliado na V Sessão Plenária do Comitê Central do Partido Comunista (PCC) durante dois dias, informa a imprensa estatal. A reunião foi liderada pelo primeiro secretário Raúl Castro, que deixará a presidência do país em 19 de abril.

Raúl Castro ocupa formalmente a presidência de Cuba desde 2008 Foto: REUTERS/Alexandre Meneghini

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Depois de três anos de "alto rendimento de implementação de políticas" desde 2011, o ritmo caiu ante a complexidade das medidas e "por erros no planejamento e controle", afirmou o diretor das reformas econômicas, Marino Murillo, na plenária.

Para isto incidiram ainda limitações financeiras "que impossibilitaram o respaldo adequado a um grupo de medidas que exigiam investimentos", afirma o jornal Granma, órgão de comunicação do PCC.

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Raúl Castro lidera sete anos de reformas, principalmente a abertura a pequenos empreendimentos privados e ao investimento estrangeiro na ilha. Neste processo, alguns setores reclamaram contra o acúmulo de riqueza nas mãos de particulares.

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A plenária do partido reconheceu uma "carência de cultura tributária" e dificuldades na comunicação de políticas que geraram interpretações equivocadas da população. 

Enquanto os processos são revisados, o governo mantém como prioridade a unificação monetária e cambial, assim como um plano de desenvolvimento econômico e social até 2030.

A circulação de duas moedas em Cuba e a existência de taxas cambiais privilegiadas para o setor estatal provocam uma distorção na economia, afirmam especialistas, que esperam que o governo adote medidas este ano.

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O PCC destacou o apoio aos negócios particulares - restaurantes, barbearias - por meio de normas jurídicas e destacou que 580.000 trabalhadores serão capacitados por conta própria, como são conhecidos os empreendedores. 

Entre as dificuldades para avançar com os planos, o PCC admitiu que nem sempre todos os organismos estatais foram envolvidos nas mudanças.

Por este motivo, o partido assegura "a continuidade da atualização do modelo econômico e social por meio de uma participação maior e de responsabilidade" de organismos do Estado.

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"Apesar dos erros e insuficiências reconhecidas na Sessão Plenária, a situação é mais favorável que há alguns anos", disse Raúl Castro, de 86 anos, citado pelo Granma. 

Apesar da mudança de cenário desde o período de escassez dos anos 1990, Castro observou que ainda persiste "uma mentalidade de desperdício, quando a linha a seguir é de economia e eficiência". / AFP

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