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Democratas focam em imigração e controle de armas no primeiro debate do partido

Pré-candidatos apresentaram propostas para melhorar o acesso de imigrantes à educação e à saúde, e restringir o acesso a armas de fogo

Atualização:

LAS VEGAS - Os pré-candidatos democratas à presidência dos Estados Unidos fizeram questão de se distanciar na terça-feira das posições dos republicanos, marcados pela retórica anti-imigrante de Donald Trump, com propostas para melhorar o acesso de imigrantes ilegais à educação e à saúde, no primeiro debate do partido realizado em Las Vegas.

"Precisamos entender que nosso país é feito da chegada de novos americanos, somos uma nação de imigrantes", destacou o ex-governador de Maryland, Martin O'Malley, que fez as propostas mais progressistas sobre imigração no debate.

Democratas fazem 1º debate hoje em Las Vegas Foto: Joe Raedle/AFP

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O'Malley, primeiro dos democratas a detalhar seu plano migratório, disse que ampliaria o alcance das ações executivas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que beneficiam 5 dos 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem no país, para que eles possam trabalhar e viver sem o medo da deportação.

Como governador, O'Malley impulsionou uma versão do "Dream Act" (lei que regulariza a situação de jovens imigrantes ilegais) para que os estudantes imigrantes paguem o mesmo preço pelas matrículas universitárias que o resto da população estudantil.

O'Malley defendeu a medida para todo o país, enquanto a favorita Hillary Clinton disse que preferia ver como ela está funcionando nos estados que a implantaram. "Há tanta diferença entre o que ouvimos aqui com o que os republicanos disseram", destacou Hillary, que elogiou a coragem dos jovens imigrantes ilegais.

Durante o debate, poucas foram as menções ao magnata Donald Trump, líder nas pesquisas para a indicação republicana à presidência. O empresário propõe a construção de um muro na fronteira com o México, assim como a expulsão dos 11 milhões de imigrantes ilegais do país.

"Sob minhas políticas, Donald Trump e seus amigos milionários teriam que pagar muito mais dinheiro do que estão pagando hoje", ameaçou Bernie Sanders, senador do Estado de Vermont.

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Controle de armas. Hillary, Sanders e O'Malley investiram contra o poderoso grupo de pressão favorável à indústria armamentista, a Associação Nacional do Rifle (NRA, sigla em inglês) durante o debate.

Entre o público presente ao evento estavam Lonnie e Sandy Phillips, os pais de Jessica, uma das 12 vítimas do massacre de Aurora, no Colorado, que abalou o país há três anos e aumentou o debate sobre o controle das armas.

O'Malley foi o encarregado de citar a presença da família quando defendeu a necessidade de se aprovar uma nova legislação sobre armas e acabar com a forma na qual a NRA faz seu lobby no Congresso, com generosas doações aos legisladores. "É hora de todo o país se posicionar contra a NRA", destacou.

Hillary defendeu a importância de se implantar um rigoroso sistema de revisão de antecedentes para controlar o acesso às armas de fogo. Ela ainda criticou Sanders por não ter sido suficientemente duro com o tema da violência das armas e por não ter apoiado alguns projetos de lei para aumentar o controle destas durante seu mandato no Senado.

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Em sua defesa, Sanders destacou as divisões que separam os que se opõem dos que são favoráveis ao porte de armas. Ele defendeu um aumento do controle durante a aquisição de armas e destacou a importância de se oferecer atendimento psicológico correto a todos os americanos para evitar que elas acabem em mãos perigosas.

Apoio. Hillary recebeu o apoio inesperado de principal adversário dentro do partido, Bernie Sanders, sobre o escândalo de e-mails, que ajudou a neutralizar um tema que tem afetado sua campanha.

Sanders disse na terça-feira que preferia se concentrar em questões políticas mais urgentes ao ser questionado sobre o uso de um servidor particular de e-mails pela rival quando ainda era secretária de Estado.

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"Deixe-me dizer algo que pode não significar fazer grande política, mas acho que a secretária está certa", disse Sanders. "O povo americano está cansado de ouvir falar sobre seus malditos e-mails.”

Bastante satisfeita, Hillary respondeu: "Obrigada. Eu também", e em seguida se virou para apertar a mão de Sanders, sorrindo, enquanto a torcida vibrava.

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Logo após esse momento de aproximação, no entanto, Hillary e Sanders discordaram em seus pontos de vista sobre Wall Street, capitalismo e a política dos Estados Unidos com relação à Síria, em um primeiro debate surpreendentemente agressivo entre os candidatos que, até então, vinham evitando trocar críticas diretas.

Hillary, que viu sua vantagem sobre Sanders diminuir em razão da polêmica dos e-mails, teve um desempenho positivo que pode solidificar seu status como principal candidata democrata e colocar em dúvida a viabilidade de uma possível candidatura do atual vice-presidente dos EUA, Joe Biden. /EFE e REUTERS

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