Deputados venezuelanos pedem ao Brasil postura mais firme perante Maduro

Em encontro com o chanceler Mauro Vieira, deputados Luis Florido e Williams Dávila pediram que País apoie a lei de anistia que a oposição da Venezuela espera aprovar na Assembleia Nacional

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BRASÍLIA - Os deputados venezuelanos Luis Florido e Williams Dávila se reuniram nesta quinta-feira, 25, com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, a quem pediram uma "postura mais firme" perante o governo de Nicolás Maduro e apoio para uma anistia a favor dos "presos políticos".

Florido, do partido opositor Vontade Popular (VP) e presidente da Comissão de Política Externa da Assembleia Nacional, disse que tiveram com Vieira um "diálogo muito franco", no qual pediram "uma posição mais firme e ativa" do Brasil em razão do "peso político que o país tem".

Deputados venezuelanos Luis Florido e Williams Dávila chegam ao Itamaraty para reunião com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr

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O deputado explicaram que "a Venezuela está atravessando a pior crise de sua história" pela aguda escassez de alimentos e remédios, mas também em razão de uma "crise política e institucional" que deve ser solucionada para poder "pacificar e unir" o país.

Um dos pontos expostos foi a lei de anistia que tramita na Assembleia Nacional, à qual o governo se opõe, que resultaria na libertação das dezenas de "presos políticos" que existem na Venezuela, em sua maioria detidos após os protestos de 2014.

"É um problema humanitário que não se pode adiar", afirmou Florido, que disse que o chanceler Vieira manifestou a plena disposição do Brasil em "continuar buscando vias de diálogo" entre a oposição e o governo venezuelanos.

Dávila, do também opositor Ação Democrática (AD), indicou que os dois também falaram a Vieira que é necessário pressionar o governo venezuelano para que pague as dívidas de cerca de US$ 6 bilhões que tem com empresas brasileiras.

Essas dívidas se referem a obras de infraestrutura que empresas brasileiras desenvolvem na Venezuela, mas também a importações de alimentos e remédios "que o povo venezuelano não tem". Após a reunião com o chanceler brasileiro, os deputados se dirigiram para a sede do Senado, onde hoje discursarão em um audiência da Comissão de Relações Exteriores.

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O último compromisso dos deputados venezuelanos, que no Brasil realizam sua primeira viagem oficial ao exterior desde que a oposição alcançou o controle da Assembleia, será uma visita à Suprema Corte, onde serão recebidos por Gilmar Mendes. 

Câmara. Na quarta-feira, os dois parlamentares venezuelanos se reuniram com parlamentares brasileiros para explicar os mecanismos democráticos que propõem usar para tentar reduzir o mandato de Maduro.

"A substituição deste governo é mais urgente que nunca" e será "pela via constitucional, democrática e pacífica", disse Florido. Os dois se reuniram na Câmara dos Deputados com vários legisladores, aos quais explicaram a situação vivida na Venezuela.

"Faltam alimentos, faltam remédios, os pacientes morrem por falta de remédios e a crise está se tornando uma catástrofe que requer ajuda internacional urgente", declarou Dávila.

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Em cada uma das reuniões, os deputados expuseram aos brasileiros os mecanismos que existem na Constituição da Venezuela para pôr fim ao mandato de um presidente. "Não se pode substituir a Maduro por uma via militar. A saída deve ser pela via constitucional, democrática e pacífica" e na Constituição estão previstas as "ferramentas necessárias", ressaltou Florido.

Em primeiro lugar, citaram a possibilidade de renúncia do chefe de Estado, que segundo Florido poderia ocorrer "pela pressão da sociedade". Os políticos venezuelanos também mencionaram o caminho do julgamento político visando a cassação, o que poderia ocorrer com Maduro "pela crise que afundou o país" apesar dos históricos faturamentos que a Venezuela obteve nos últimos anos, antes da queda dos preços do petróleo.

Como terceira alternativa, assinalaram a possível convocação de um referendo revogatório, meio constitucional que pode ser invocado uma vez cumprida a metade do mandato presidencial, que no caso de Maduro será em abril.

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A última das opções citadas foi uma emenda constitucional que reduza o período presidencial de seis anos, o que significaria a necessidade de realizar novas eleições em um prazo que seria determinado caso essa reforma fosse aprovada pela Assembleia. / EFE

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