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Destino de Assad trava reunião de EUA e Rússia sobre Síria

Depois do fracasso das conferências em 2012 e 2014, chanceleres de 10 países tentam encontrar solução para o impasse

Por Andrei Netto
Atualização:
Secretário de Estado John Kerry se reúne com o chanceler russo, Sergei Lavrov, e com os ministros de Relação Exteriores da Arábia Saudita,Adel al-Jubeir, e da Turquia Adel al-Jubeir Foto: Brendan Smailowski /AP

PARIS - Um jantar entre os chefes da diplomacia dos Estados Unidos, da Rússia, da Turquia e da Arábia Saudita, e sem representantes da União Europeia, deu início ontem, em Viena, na Áustria à nova rodada de negociações para um acordo de paz na Síria. Depois do fracasso das conferências de Genebra 1 e 2, em 2012 e 2014, chanceleres de 10 países tentam encontrar uma solução para o impasse que até aqui bloqueia o acordo: o destino de Bashar Assad, que põe o Ocidente e a Rússia em campos opostos. A Conferência Internacional de Viena teve início com um jantar que reuniu apenas os chanceleres de EUA, John Kerry, Rússia, Sergei Lavrov, Turquia, Feridun Sinirlioglu, e Arábia Saudita, Adel al-Jubeir. O grupo é o mesmo que se reuniu na semana passada em Viena. Hoje, além dos quatro, os chefes de diplomacia de França, Grã-Bretanha, Alemanha e da União Europeia, Líbano e Egito se unem ao quarteto original, que terá um novo convidado: o Irã, que apoia Assad e, pela primeira vez, participará de uma tentativa de paz na Síria.  Por outro lado, nem os grupos rebeldes nem o regime sírio, responsáveis pelas 250 mil mortes desde 2011, terão representantes. Para o secretário de Estado americano, a oportunidade é “uma corrida para sair do inferno”. “É a ocasião mais promissora de chegar a uma abertura política”, disse. Impasse. O grande foco de divergências é o destino de Assad. Liderado pelos Estados Unidos e pela França, o Ocidente se recusa a admitir a hipótese de que o presidente sírio siga no poder ao término da transição política. Já a Rússia de Vladimir Putin usa sua recente intervenção militar para enfraquecer a oposição armada - e não apenas o grupo terrorista Estado Islâmico -, fortalecendo Assad, seu aliado regional. Com base na adesão da Turquia à coalizão ocidental contra o Estado Islâmico e contra o regime de Assad, e também da Arábia Saudita, que apoia um processo de paz, desde que sem o atual presidente, Estados Unidos e França esperam obter concessões de parte da Rússia.  Na quinta-feira, o chanceler francês, Laurent Fabius, mencionou como condição para um entendimento a criação de um calendário preciso que fixe a data da saída do líder sírio contestado.  A convicção dos aliados ocidentais é de que os bombardeios russos, como os ocidentais, não serão capazes de resolver o impasse militar.

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