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Dilma e Morales realizam primeira reunião bilateral nesta terça-feira

Desde 2011, os dois tiveram vários encontros à margem de cúpulas ou em outros foros, mas até agora ambos não tiveram uma reunião oficial de trabalho bilateral como a que ocorrerá hoje em Brasília

Atualização:

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff receberá nesta terça-feira, 2, seu colega boliviano, Evo Morales, na primeira visita oficial do líder andino ao Brasil desde que a governante chegou ao poder, há pouco mais de cinco anos.

Dilma assumiu a presidência em janeiro de 2011 e desde então teve vários encontros com Evo Morales à margem de cúpulas ou em outros foros, mas até agora ambos não tiveram uma reunião oficial de trabalho bilateral como a que ocorrerá hoje em Brasília.

A presidente Dilma Rousseff recebe os cumprimentos do presidente da Bolívia, Evo Morales, durante sua posse, em janeiro de 2015 Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino

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Segundo anteciparam fontes oficiais de ambos países, a agenda que os líderes discutirão incluirá assuntos relacionados com as áreas de energia, infraestrutura, comércio, cooperação fronteiriça e combate ao narcotráfico, entre outras.

O assunto de infraestrutura é um dos mais ambiciosos entre os que serão tratados nessa reunião e tem como ponto principal um projeto para a construção de uma ferrovia entre o porto brasileiro de Santos, no Oceano Atlântico, e os terminais peruanos de Ilo e Matarani pelo território boliviano.

O projeto é impulsionado pessoalmente por Morales há anos, mas até hoje não prosperou e agora tem um obstáculo, que o Brasil acordou com o Peru e China, que financiaria as obras, a construção de um trem "transoceânico" que levaria aos mesmos portos peruanos, mas sem passar pela Bolívia.

No entanto, o ministro boliviano de Obras Públicas, Milton Claros, garantiu na semana passada que o governo Morales discute o assunto com as autoridades peruanas e manifestou sua confiança de que o projeto sairá adiante e incluirá a Bolívia. "Já trabalhamos com o Peru e agora vamos trabalhar com o Brasil. Temos certeza de que vamos chegar a bons acordos", declarou.

No marco da reunião entre Dilma e Morales, também será discutida a possível ampliação do contrato mediante o qual a Bolívia fornece gás natural ao Brasil, assinado em 1999, e vencerá em 2019.

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A ideia de ambos governos é renová-lo por outras duas décadas e manter o bombeamento em cerca de 32 milhões de metros cúbicos diários de gás para o mercado do Brasil, que atualmente paga US$ 5 por cada milhão de Unidades Térmicas Britânicas (BTU).

Dilma e Morales também estudarão a possibilidade de ambos países se associarem em um projeto petroquímico que é planificado pela Bolívia e negociarão uma eventual aquisição, por parte do Brasil, de gás liquidificado de petróleo (GLP) e gás natural liquidificado (GNL) boliviano.

Na área energética, também serão discutidos quatro projetos hidrelétricos que seriam desenvolvidos em forma conjunta na fronteira amazônica entre ambos países.

As relações políticas entre Brasil e Bolívia ficaram estremecidas em 2013, quando o senador opositor boliviano Roger Pinto, que estava há um ano asilado na embaixada brasileira em La Paz, saiu de seu país com ajuda do pessoal diplomático dessa legação e sem o necessário salvo-conduto.

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Pinto era acusado na Bolívia de corrupção e o governo Morales considerou sua saída para o Brasil como uma "fuga", o que causou um incidente diplomático que levou à renuncia do então chanceler brasileiro, Antonio Patriota.

O senador solicitou ser amparado no Brasil como refugiado, mas a Bolívia exigiu que essa condição fosse negada e reivindicou à Dilma que o enviasse de volta a La Paz para responder perante a justiça.

No entanto, em agosto do ano passado, a Comissão Nacional de Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça brasileiro decidiu receber a solicitação de Pinto, que permanece legalmente no Brasil.

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A Conare ainda deve responder a uma solicitação similar apresentada pelo ex-promotor boliviano Marcelo Soza, que chegou ao Brasil em 2014 e é acusado em seu país de diversos delitos relacionados com um polêmico caso de secessionismo do que esteve a cargo. / EFE

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