Brasil vai mediar crise entre Caracas e Bogotá

Chanceler Mauro Vieira é enviado pela presidente Dilma para buscar solução para impasse iniciado há 2 semanas com bloqueio de fronteira

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Atualização:

(Atualizada às 21h30) BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff determinou nesta sexta-feira, 4, que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, faça a intermediação de um diálogo entre Colômbia e Venezuela para resolver a crise na fronteira entre os países vizinhos que se arrasta há duas semanas. O ministro teve encontro em Bogotá com sua colega María Ángela Holguín e, em Caracas, com a chanceler Delcy Rodríguez.

Ao enviar o ministro, a presidente mostra preocupação com o conflito entre os dois países, depois que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou o fechamento da fronteira com a Colômbia. A ordem foi dada após um ataque que feriu gravemente quatro agentes do Estado venezuelano – três militares e um civil – na região fronteiriça. Caracas atribuiu a autoria do crime a contrabandistas e paramilitares colombianos. Dias após o bloqueio da passagem, mais de mil colombianos que vivem na Venezuela foram deportados por falta de documentação de imigração. 

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira Foto: Wilson Dias/ABr

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O ministro brasileiro entregou à chanceler colombiana uma carta de Dilma dirigida ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. Segundo o Itamaraty, orientação semelhante foi dada pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ao ministro das Relações Exteriores e Culto da Argentina, Héctor Timerman. “Os dois chanceleres buscam contribuir para a solução dos problemas humanitários e econômicos na fronteira entre aqueles países”, afirmou o Itamaraty.

Segundo nota da chancelaria argentina, a dupla pretende promover o diálogo “em razão da importância que dão à unidade na região e a uma solução pacífica e negociada para as diferenças”.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) também participa dos esforços para normalizar a situação entre os países. Está prevista para este sábado uma visita do secretário-geral da entidade, Luis Almagro, à passagem bloqueada. Almagro deve chegar à região pelo lado colombiano, acompanhado pela chanceler María Holguín. 

Mal-estar. Nesta sexta-feira, o presidente colombiano criticou as atitudes de Maduro, o fechamento da fronteira e a deportação de seus cidadãos. “Não é um problema causado por colombianos”, disse Santos em relação ao contrabando de produtos entre os países, apontado por Caracas como uma das causas da crise econômica profunda que atinge o país – incluindo escassez de alimentos. 

Santos também comentou um episódio em que o presidente venezuelano apareceu num vídeo, em meio à crise, dançando a “pollera colorá”, uma das músicas mais tradicionais da cultura colombiana. “Pareceu-me uma provocação. Não tinha qualquer sentido. Não, não gostei do que vimos na televisão”, afirmou. / COLABOROU RODRIGO CAVALHEIRO, CORRESPONDENTE EM BUENOS AIRES

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