Disputa para valer ou simples confirmação?

Ainda não apareceram rivais sérios à pré-candidatura de Hillary Clinton à presidência dos EUA, mas os eleitores ainda têm dúvidas 

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Por The Economist
Atualização:
Em Iowa, nos Estados Unidos, placa de escritório da candidata à presidência Hillary Clinton congela pelo frio Foto: AP

Foi muito rápido - cinco segundos, se tanto: a voz de Hillary Clinton falhou e seus olhos ficaram úmidos. Aconteceu em janeiro de 2008, num café da cidade de Portsmouth, no Estado de New Hampshire. Uma eleitora tinha acabado de perguntar como Hillary fazia para aguentar os percalços de uma campanha presidencial. "Como a senhora consegue?", indagou a fotógrafa Marianne Pernold Young, comentando que o cabelo da então pré-candidata estava sempre perfeito. "Como faz para parecer sempre tão animada, tão exuberante?"

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Os especialistas não perderam tempo em proferir seu diagnóstico. Hillary estava exausta, anunciaram. A ex-primeira-dama e senadora sabia que seu jovem adversário, Barack Obama, estava a um passo vencer a disputa para encabeçar a chapa presidencial do Partido Democrata, um lugar que, até poucos meses antes, parecia fadado a ser seu.

Conforme a avalanche midiática ganhava força, ia se revelando a estranha intensidade da relação que os EUA têm com Hillary Clinton. Os fãs saudavam a breve exibição de emotividade como prova do caráter humano da candidata, uma qualidade que frequentemente permanecia apagada, por conta da disciplina e cautela com que ela conduzia sua campanha. Os adversários lembravam o caso de Edmund Muskie, cuja tentativa de disputar a indicação democrata foi abortada quando, nas primárias de 1972, o pré-candidato caiu no choro ao se defender de ataques duros que lhe vinham sendo feitos pela imprensa. Os olhos rasos d'água de Hillary também poderiam ter decretado o fim das primárias de 2008. No interior do Café Espresso, jornalistas desconfiados cercaram Pernold Young. Dando mostras da profunda deterioração das relações de Hillary com a imprensa, muitos perguntaram à fotógrafa se sua presença ali não teria sido uma armação da própria campanha da senadora.

A candidata, por sua vez, foi correndo falar com um assessor de imprensa, preocupada com a possibilidade de que os eleitores a vissem como uma mulher frágil, despreparada para assumir o cargo mais alto do país e ter sob seu comando as forças armadas da maior potência do planeta. Obama viu a coisa com outros olhos. Enquanto cruzava as estradas de New Hampshire num ônibus de campanha, o então senador viu a cena na TV e a achou perigosamente tocante. David Axelrod, principal estrategista de Obama na época, lembra-se de ter comentado: "Não gostei. É o tipo da coisa que pode ajudá-la bastante." 

Sete anos depois, enquanto o país espera para ver como Hillary Clinton conduzirá sua segunda tentativa de conquistar a indicação presidencial do Partido Democrata, esse instante de vulnerabilidade ainda é mencionado em New Hampshire, o Estado em que acontecerão, em janeiro próximo, as primeiras eleições primárias (e a segunda escolha de convencionais, depois do caucus de Iowa) do ciclo presidencial de 2016. Desta vez, a opinião sobre o episódio é consensual: Hillary precisa de mais momentos desse tipo.

Os eleitores de New Hampshire gostam de encontrar os candidatos em lanchonetes e em clubes de veteranos de guerra. E costumam causar surpresas desagradáveis a favoritos que dão como certa a vitória no Estado. Pernold Young ainda mora em Portsmouth e, em tom de brincadeira, diz que vai mandar gravar a frase: "A mulher que fez Hillary Clinton chorar", em seu túmulo. Enquanto toma o café da manhã no Café Espresso, ela acrescenta que, depois de ter votado em Obama nas primárias de 2008, desta vez Hillary é a sua candidata. Alarmada com o "atoleiro" decisório em que Washington se transformou, e decepcionada com o tempo que Obama levou para adquirir o traquejo necessário para governar, ela simpatiza com a ideia de eleger uma pessoa experiente e pragmática. "Não quero pôr outro estagiário na presidência." Mas ela também não deseja primárias esvaziadas, que sirvam apenas para confirmar o nome de Hillary. E observa que alguns conhecidos seus não se entusiasmam nem um pouco com a possibilidade de viver mais quatro anos com os Clinton na Casa Branca. "Acho que seria bom ver a Hillary sendo desafiada", diz ela. 

Esse tipo de opinião é muito comum, e já chegou aos ouvidos dos assessores mais próximos da ex-senadora. Dois deles, Robby Mook e Marlon Marshall, visitaram New Hampshire e Iowa pouco antes da Páscoa, reunindo-se com líderes democratas locais, como, por exemplo, James Demers, um estrategista e lobista que foi um dos primeiros apoios importantes que Obama conquistou em New Hampshire. A mensagem que o círculo íntimo de Hillary transmitiu a essas lideranças foi que a ex-secretária de Estado pretende participar das primárias como se fosse uma campanha extremamente acirrada, diz Demers. Hillary quer aproveitar as primárias para explicar aos americanos por que deseja concorrer à presidência. Será também o momento de montar o mesmo tipo de máquina eleitoral que levou Obama à Casa Branca em 2008. Tendo de enfrentar um, dois ou dez candidatos, ela "sabe que precisa conquistar o voto de cada eleitor".

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Por ser uma das pessoas mais famosas do mundo e estar sob vigilância constante do Serviço Secreto do país, vai ser difícil para Hillary estabelecer o contato próximo e informal com que os eleitores de New Hampshire estão acostumados, diz o advogado Terry Shumaker, que integrou o comando das duas campanhas presidenciais de Bill Clinton no Estado. Mas Shumaker acha que ela precisa tentar fazer isso, usando a atmosfera "relaxada e aconchegante" do Estado para se comunicar com o país inteiro. O advogado descreve sua velha amiga como uma pessoa de centro em termos econômicos: alguém que vê o governo como uma força positiva, mas aposta no setor privado como motor da economia. Em 2016, ela pode ressaltar também sua capacidade de construir consensos políticos internamente e sua vasta experiência em assuntos externos. "Todo mundo quer que Washington volte a funcionar", diz ele. E com os fanáticos do Estado Islâmico à solta, os eleitores têm a preocupação "visceral" de eleger alguém que os proteja.

Nem todos os democratas concordam com isso. A senadora estadual Martha Fuller Clark, que apoiou Obama em 2008, diz que Hillary não conta com o apoio de 100% dos democratas de New Hampshire. Ela própria diz que ainda não se decidiu e que um possível rival da ex-secretária de Estado, o ex-governador de Maryland Martin O'Malley, tem sido presença constante no Estado. Segundo Clark, os democratas de New Hampshire querem um candidato que combata a desigualdade e proponha políticas que amparem a classe média. Entre as principais preocupações desses eleitores estariam as mudanças climáticas e o volume de recursos que vem sendo transferido para o Estado, principalmente depois que a Suprema Corte relaxou as regras do financiamento de campanhas eleitorais. Eles querem que Hillary explique como fazer para que o país "saia do atual regime plutocrata e volte a ser uma democracia", diz Clark.

Mulheres no poder. De certa maneira, isso repercute queixas de outros democratas, como Gary Hart, um pré-candidato à indicação democrata em 1984 e 1988 que recentemente afirmou que a informação (não confirmada) de que a máquina dos Clinton pretende levantar US$ 1 bilhão em doações deveria deixar "todo americano com medo". Quando a campanha de verdade começar, a ex-secretária de Estado precisa de uma estratégia que mobilize e entusiasme o eleitorado mais amplo, em especial os mais jovens, acrescenta a senadora Clark. Sobretudo, acredita ela, porque em política as mulheres são julgadas com mais severidade que os homens, e é complicado para elas manter uma posição acessível. "As mulheres estabelecem para si um alto grau de exigência no exercício da política, o que dificulta para elas ter uma relação mais informal com os eleitores."

Depois de passar anos pensando no que fazer com o Oriente Médio e a Rússia, Hillary Clinton agora será questionada sobre o sistema de saúde, ou sobre a falta de jardins de infância de período integral em metade das cidades de New Hampshire, prevê Colin Van Ostern, membro do Conselho Executivo do Estado. E ele acha que isso será benéfico para a candidata: "O que Hillary precisa é exatamente o que New Hampshire quer".

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Os desafios de uma nova candidatura foram sintetizados por Bill Clinton, o homem que tem o potencial de ser o maior ativo e o maior fardo da campanha da esposa. Os americanos se lembram cada vez menos dos escândalos dos anos 90, mas não esquecem o crescimento econômico, o orçamento equilibrado e as reformas que seu governo conseguiu aprovar na época, costurando o apoio de republicanos e democratas. É por isso que nenhum outro ex-presidente vivo tem taxas de aprovação tão altas quanto ele. Em 2008, porém, seu comportamento indisciplinado causou estragos na campanha de Hillary.

O ex-presidente disse recentemente à revista Town & Country que não sabia se ainda era bom de campanha. "Não tenho raiva de ninguém", explicou ele, referindo-se aos efeitos emolientes da chegada de uma neta. Apesar do comentário, Clinton não conseguiu deixar de fazer uma rápida análise da eventual candidatura da mulher, observando como é difícil para qualquer partido se manter na Casa Branca por mais de dois mandatos e argumentando que, se Hillary realmente for candidata, o melhor que ela tem a fazer é "agir como se nunca tivesse disputado uma eleição na vida e estabelecer uma ligação intensa com os eleitores".

O problema é que os Clinton já disputaram muitas eleições. A primeira residência oficial em que Hillary morou foi a do governo estadual do Arkansas, em 1979. De lá para cá, nunca mais saiu de debaixo dos holofotes. Nessas condições, criar vínculos com as pessoas comuns é um desafio. Em palestra dada no ano passado, durante uma convenção de vendedores de automóveis, ela revelou que: "A última vez que guiei um carro foi em 1996". O fato de que normalmente receba quantias de seis dígitos para participar desse tipo de evento também não ajuda muito.

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É provável que os republicanos tentem grudar em Hillary a imagem de uma pessoa que é, de um lado, uma elitista com tendências esquerdistas e, de outro, uma defensora da intervenção do Estado na economia. Explorando a desaprovação às mudanças instituídas pelo Obamacare, que ainda é bastantante alta, os republicanos podem tentar trazer à lembrança dos eleitores as tentativas malogradas que Hillary fez para ampliar a cobertura do sistema de saúde durante a presidência de seu marido.

Também tentarão usar contra ela seu desempenho como secretária de Estado entre 2009 e 2013. É comum ouvir em círculos republicanos que o mundo se tornou mais inseguro em virtude da ingenuidade e ineficiência da "política externa da dupla Obama-Clinton". Hillary é acusada pela direita por ter oferecido à Rússia um "recomeço" nas relações com os EUA, por ter se indisposto com o governo israelense de Binyamin Netanyahu e por ter desperdiçado muito de seu tempo em visitas oficiais. Sobre a ênfase orgulhosa com que ela se refere às viagens que fez a 112 países, a ex-presidente da HP e possível candidata republicana Carly Fiorina reage com chacota, dizendo: "Viajar é uma atividade, não um êxito".

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Embora não tenham provas, muitos conservadores continuam convencidos de que, por uma questão de cálculo político, Hillary optou por deixar desprotegida a missão americana em Bengasi, onde morreram num atentado o embaixador do país na Líbia e três assessores. Depois ela teria tentado encobrir a trapalhada. Suspeitas como essa não foram dissipadas pela revelação recente de que, durante todo o tempo que passou no cargo de secretária de Estado, Hillary usou um servidor particular, guardando para os arquivos somente os e-mails que considerou relevantes, e deletando o resto. E ela certamente será questionada sobre as doações feitas por governos estrangeiros, alguns deles bem pouco democráticos, à Clinton Foundation, uma entidade filantrôpica que também serve para garantir sua visibilidade pública.

Até as bases do Partido Democrata têm queixas dos Clinton. Não se esqueceram de que, na época em que era senadora, Hillary votou a favor da intervenção americana no Iraque. E foi só em março de 2013 que ela se declarou a favor do casamento gay. Mas o que mais perturba a esquerda democrata é o tratamento demasiadamente brando que os Clinton dirigem ao capitalismo. Essa ala do partido lembra que foi durante o governo de Bill Clinton que a regulamentação dos bancos de Wall Street passou por um afrouxamento, o que teria causado, segundo esse grupo, a crise financeira de 2008. Para os sindicatos, continua sendo uma verdade incontestável que o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), firmado por Clinton com o México e o Canadá, roubou empregos dos americanos.

Cor-de-rosa choque. Ainda que nenhuma outra candidatura viável tenha aparecido até agora, muitos democratas veem (ou querem ver) um vácuo à esquerda de Hillary Clinton. O'Malley, cujo governo em Maryland esteve longe de abraçar teses socialistas, agora se alinha com grupos que insistem em dizer que os EUA têm plenas condições de aumentar os benefícios concedidos aos aposentados, fazendo pouco da opinião, há anos largamente consensual, de que a previdência social está condenada à insolvência, a menos que os benefícios sejam reduzidos e os impostos aumentados.

Nessa ala, muitos ainda têm esperanças de que a senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts, venha a se lançar como uma candidata de esquerda, propondo regras mais rígidas para Wall Street, menos acordos de livre-comércio e mais redistribuição de renda para a classe média. Warren diz que não é candidata, mas o clamor continua forte. Trata-se, em parte, de uma tentativa de pressionar Hillary Clinton a dar uma guinada à esquerda.

Alguns críticos afirmam que ela está muito velha (terá 69 anos em janeiro de 2017 e será só oito meses mais nova que Ronald Reagan, o presidente eleito mais idoso que já governou os EUA). Outros receiam que sua saúde esteja frágil (ela sofreu uma concussão cerebral em 2012). Não há muito o que Hillary possa fazer para se defender dessas duas acusações.

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Por outro lado, ela até poderia desfazer um outro temor - o de que ninguém sabe exatamente em quê ela acredita. Mas não está com pressa de fazer isso. Os candidatos em geral assumem posicionamentos ideológicos mais pronunciados durante as primárias, a fim de atrair os votos de ativistas radicais, antes de rumar de novo para o centro quando começa a eleição propriamente dita. Mas, se Hillary não enfrentar um concorrente sério nas primárias, talvez não precise fazer esse vaivém. Sua tarefa será conquistar o apoio de um número suficientemente grande de democratas para empolgar o partido e estimular o engajamento de suas bases mais progressistas, sem com isso afugentar os eleitores de centro. Se não for capaz de atingir o mesmo nível de apoio que Obama teve entre eleitores negros e jovens, será obrigada a descontar essa diferença de alguma outra forma.

Seu apelo às mulheres é bastante claro. Hillary tem salientado seu desejo de contribuir para que um número maior delas ingresse na força de trabalho. E ela se declara solenemente a favor da equiparação salarial entre homens e mulheres (coisa de que ninguém discorda). No passado, defendia também que as mulheres pudessem mover ações por discriminação com mais facilidade.

Um teste importante envolve os indivíduos brancos que não chegaram à universidade. Eles compõem cerca de um terço do eleitorado, mas se afastaram dos democratas depois do fim do governo Clinton. Em 2013, Obama teve apenas 36% dos votos desse grupo, e o percentual poderia ter sido menor, se ele não tivesse sido bem-sucedido em pintar Mitt Romney como o pior patrão que esses indivíduos poderiam ter.

Caso Hillary Clinton vença as eleições, terá de estar preparada para, já no primeiro dia de seu mandato, negociar com os republicanos. São praticamente nulas as chances de que os democratas conquistem a Câmara dos Representantes em 2016, e mesmo que recuperem o controle do Senado, não terão uma maioria capaz de derrubar táticas obstrucionistas.

Quanto à política externa, o certo é que Hillary ficará à direita de Obama. Em entrevistas concedidas depois que deixou o Departamento de Estado, ela diz que instava o presidente a ser mais duro com a Rússia. Também reclama dos europeus por não terem enfrentado Vladimir Putin (defende o envio de armas para a Ucrânia, por exemplo). Ao mesmo tempo, alega que o "recomeço" nas relações entre Rússia e EUA ao menos serviu para produzir um acordo de controle de armas, além de ter garantido que os russos colaborassem nas negociações para conter as ambições nucleares do Irã. Em sua opinião, o esboço de acordo que os EUA e outras potências mundiais conseguiram firmar com o Irã, foi, seja lá o que isso signifique, um "passo importante". No ano passado, Hillary sinalizou que preferiria que o programa nuclear iraniano fosse submetido a controles mais rígidos. Em 2014, num raro momento em que criticou Obama abertamente, disse que, na ausência de uma ajuda mais efetiva aos rebeldes sírios não islamitas, criou-se um "grande vácuo" que o Estado Islâmico e outros jihadistas ocuparam.

Além disso, Hillary tem se aproximado das críticas que os republicanos fazem a Obama por ele praticamente se desculpar pelo fato de os EUA serem tão poderosos. Ela diz que o país não pode resolver todos os problemas do mundo, "mas, atualmente, nenhum dos problemas que enfrentamos pode ser solucionado sem a participação dos Estados Unidos". Mesmo excluindo a volta a uma política externa intervencionista como a dos anos de George W. Bush, ela dá a entender que chegou a hora de os EUA voltarem a ser mais atuantes no mundo.

Em questões internas, a ex-senadora fala com fluência a língua da centro-esquerda moderna, que tem relações amistosas com o setor privado. Algumas de suas prioridades são projetos de infraestrutura, acesso universal à educação para as crianças mais novas, redução do custo da educação superior e adoção de subsídios salariais para os trabalhadores de baixa renda, ao estilo alemão. Hillary gosta de ver grupos religiosos trabalhando em colaboração com sindicatos fortes e organizações comunitárias, e usa a expressão "fundamentada em evidências concretas" como elogio de grande valor para qualquer política pública. Em 2008, ela às vezes parecia defender uma rígida disciplina fiscal, com slogans como: "Temos de parar de gastar o dinheiro que não temos." Também em 2008, ela sugeriu "dar um tempo" à formulação de novos acordos de livre-comércio, ainda que, como secretária de Estado, tenha apoiado novos pactos. Nos debates realizados durante as primárias daquele ano, Hillary se disse comprometida com o esforço de "acabar com o déficit da previdência social" e sustentou que o melhor roteiro para aprovar reformas é a busca de um consenso entre os dois partidos.

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A bela e a fera No entanto, especialistas que participaram de conversas reservadas com a pré-candidata nos últimos meses não conseguem definir com precisão qual é seu posicionamento. Um consultor político de tendência moderada a quem ela indagou sobre as alternativas que poderiam ser adotadas para recuperar o poder de compra da classe média, acha (e certamente espera) que na campanha a pré-candidata dirá que não se deve ver justiça social e crescimento econômico como princípios que se contrapõem.

Esses moderados gostariam que Hillary agradecesse a Obama por ter salvado a economia americana de um desastre em 2008, e o elogiasse por ter expandido a cobertura do sistema de saúde. Então ela deveria mudar de assunto, voltando a atenção do país para a tarefa de criar uma economia capaz de enfrentar os desafios do século 21, produzindo um crescimento que impulsione os salários da classe média. Se os eleitores ficarem com a impressão de que isso parece mais um terceiro mandato para Bill Clinton do que mais quatro anos de Obama, os simpatizantes de Hillary não terão do que reclamar.

© 2015 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER, PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM.

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