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Ditador norte-coreano pode manter arsenal nuclear com supercomputador

Pyongyang tem plano para criar máquinas com megaprocessadores que consomem cerca de US$ 85 milhões por ano

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O norte-coreano Kim Jong-un pode discutir distensão com a Coreia do Sul, pode oferecer ao presidente dos EUA, Donald Trump, a desativação de duas ou três instalações do complexo de armas atômicas e de mísseis, pode também assinar um acordo de paz, encerrando a guerra que deixou 4 milhões de mortos. O que o ditador dificilmente fará é colocar na pauta o desmantelamento do arsenal de destruição duramente construído por três gerações de ditadores Kim. Nem precisa.

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, inspeciona, em local não informado, o que ele diz ser uma bomba de hidrogênio para um míssil de longo alcance Foto: Korean Central News Agency, via The New York Times

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A rigor, depois de realizar 117 provas de disparo com diversos tipos de foguetes balísticos desde 1984 e de executar 6 explosões subterrâneas de teste entre 2006 e 2017, o programa está completo. O desenvolvimento futuro pode ser feito por meios digitais, virtuais, com o emprego de supercomputadores.

Este recurso é utilizado pelas principais potências nucleares do planeta – Estados Unidos, Rússia, China, França e, talvez, também por Israel que, embora não seja uma força atômica assumida, teria de 80 a 200 cargas de ataque e um número desconhecido de lançadores, sugestivamente batizados de Jericó. O Reino Unido compartilha informações tecnológicas com os EUA.

O estoque de mísseis de Kim Jong-un contabiliza cerca de 1.000 unidades, a maioria de curto alcance, com raio de ação entre 100 quilômetros e 1,5 mil quilômetros. Os modelos intercontinentais, capazes de atingir o território americano, ainda são poucos, da mesma forma que os intermediários, construídos para “destruir qualquer alvo estratégico na região”, de acordo com a agência de noticias estatal KCNA.

Os maiores, Hwasong-15, podem levar uma ogiva de cerca de 1,3 tonelada. No ensaio mais recente, há cerca de oito meses, um deles subiu além de 4 mil quilômetros. Poderia ter completado a trajetória sobre cidades americanas. No viés nuclear, as duas últimas das seis explosões, foram significativas. A penúltima verificou a eficiência do processo de miniaturização das ogivas compactas, e a última detonou um devastador sistema termonuclear, de hidrogênio, cuja onda sísmica deu a volta ao mundo.

Supermáquina. Agora, não é mais necessário fazer barulho nem perturbar o sono do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, pelo que se desculpou Kim Jong-un no encontro bilateral de ontem. Pyongyang mantém um projeto de construção de supercomputadores que consome cerca de US$ 85 milhões por ano. Já teria um complexo especializado subterrâneo em Kunch’ang-ri, e um laboratório inteiro dedicado ao empreendimento no Instituto de Alta Ciência, em Pyongyang. 

O objetivo é chegar a uma supermáquina com capacidade de 30 petaflops até 2025. Um petaflop permite realizar 1 quatrilhão de cálculos por segundo. De acordo com um físico e engenheiro nuclear, ouvido pelo Estado, essas especificações excedem, com sobras, a demanda de processamento das modelagens de um programa atômico, “ainda mais depois de uma série de bem-sucedidos ensaios de campo”. 

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