Trump ameaça cortar ajuda financeira americana a territórios palestinos

Presidente disse no Twitter que EUA pagam ‘centenas de milhões de dólares' todo ano e não recebem 'qualquer reconhecimento ou respeito’; em resposta, liderança da Autoridade Palestina afirmou que Jerusalém ‘não está à venda’

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Por Redação
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WASHINGTON - O presidente Donald Trump ameaçou cortar a ajuda de "centenas de milhões de dólares" dos EUA aos territórios palestinos, ao admitir implicitamente que as negociações com Israel estão estagnadas. A liderança da Autoridade Palestina respondeu nesta quarta-feira, 3, aos comentários e afirmou que Jerusalém não está à venda.

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"Pagamos aos palestinos centenas de milhões de dólares todo ano e não recebemos qualquer reconhecimento ou respeito", disse Trump em sua conta no Twitter. "Mas como os palestinos já não estão dispostos a negociações de paz, por que devemos fazer esses enormes pagamentos?", questionou.

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Em seu tuíte, Trump não especificou qual ajuda será eventualmente suspensa Foto: Doug Mills/The New York Times

Em resposta, Nabil Abu Rudeina, porta-voz da liderança palestina, afirmou: "Jerusalém é a capital eterna do Estado da Palestina e não está à venda em troca de ouro ou de milhões".

Trump foi elogiado por um ministro do governo de direita do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, mas recebeu um alerta de um ex-negociador de paz de Israel a respeito dos riscos de se cortar a assistência financeira aos palestinos.

Em 2016, os EUA destinaram US$ 319 milhões de ajuda aos palestinos por meio de sua agência de fomento ao desenvolvimento (USAID). A este valor se somam US$ 304 milhões concedidos por programas da ONU aos territórios palestinos.

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Em seu tuíte, Trump não especificou qual ajuda será eventualmente suspensa. Em uma sequência de mensagens, ele apontou que seu governo "retirou da mesa (de negociação) Jerusalém, o aspecto mais difícil de negociar".

Decisão polêmica

No dia 6 de dezembro, o líder americano anunciou que seu governo reconhecia Jerusalém como a capital de Israel, e havia determinado ao Departamento de Estado o início do processo de mudar para essa cidade a embaixada americana, situada em Tel Aviv.

A decisão de Trump provocou uma onda global de indignação e protesto. Para o líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, com esse gesto, os EUA perderam a capacidade de servir como mediador para eventuais negociações com Israel.

No dia 21 de dezembro, a Assembleia-Geral da ONU aprovou por ampla maioria (128 votos a favor, 9 contra e 35 abstenções) uma resolução de condenação à decisão de Trump, o que desagradou a Casa Branca.

Na véspera da histórica votação, Trump havia alertado que seu governo anotaria cada voto para posteriormente discutir a ajuda que destinaria aos respectivos países. Entre as nações latino-americanas, somente a Guatemala anunciou que acompanharia a decisão de Washington de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. / AFP e REUTERS

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