Dono de arma de caso Nisman trava ação

O técnico em informática Diego Lagomarsino, dono da arma que matou o promotor argentino Alberto Nisman há um ano, quer impedir que a causa chegue à Justiça Federal

PUBLICIDADE

Por Rodrigo Cavalheiro CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

O técnico em informática Diego Lagomarsino, dono da arma que matou o promotor argentino Alberto Nisman há um ano, quer impedir que a causa chegue à Justiça Federal. Ele entrou com um recurso ontem para que a investigação siga o curso atual, onde foi indiciado por ter emprestado a pistola calibre 22. 

Se o caso passar à esfera federal, como deseja a família do promotor e como recomendou na semana passada a juíza a cargo da investigação, Fabiana Palmaghini, a hipótese de homicídio passará a ser a mais forte e Lagomarsino assumirá o papel de suspeito, por ter sido a última pessoa com quem Nisman falou. Ele ganha tempo porque um tribunal deverá consultar as partes e definir se dá razão à juíza.

O promotor AlbertoNisman garantia ter gravações com provas de que o acordo firmado em 2013 entre Irã e Argentina para que os acusados iranianos fossem ouvidos em Teerã era fachada. Foto: Reuters

A magistrada recomendou a mudança de rumo na investigação depois de ouvir por 15 horas o ex-espião Jaime Stiuso, que trabalhou com Nisman na investigação do atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia), que matou 85 em 1994. Stiuso garantiu, sem apresentar provas, que Nisman foi assassinado em razão de seu trabalho. O promotor havia acusado quatro dias antes a presidente Cristina Kirchner e parte da cúpula do governo de proteger iranianos acusados de praticar o atentado em troca de vantagens comerciais para a Argentina. 

Segundo Lagomarsino, o promotor pediu-lhe a arma para proteger as filhas. Meses após a morte, uma pistola similar foi encontrada entre objetos de Nisman, o que levou a família a questionar porque ele pediria uma emprestada. Perícia contratada pelos parentes concluiu que a morte ocorreu 12 horas antes do apontado no laudo oficial, mais próxima do encontro com Lagomarsino. Os estudos estatais sempre deram indícios de suicídio. A hipótese de homicídio ganhou força após a posse de Mauricio Macri.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.