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Drones sobrevoam áreas estratégicas de Paris

Polícia, militares e serviços de inteligência se mobilizam após aeronaves de pequeno porte voarem perto da embaixada dos EUA e da Torre Eiffel

Por Andrei Netto e Correspondente - Paris
Atualização:

PARIS - Cinco aeronaves não tripuladas de pequeno porte foram vistas na madrugada desta terça-feira, 24, captando imagens de locais considerados sensíveis em Paris. Os drones sobrevoaram em baixa altitude a Embaixada dos Estados Unidos e pontos turísticos da capital francesa. Os equipamentos desapareceram após serem denunciados, mas os controladores não foram identificados nem localizados. 

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A Direção-Geral da Aviação Civil (DGAC) e a Direção-Geral de Segurança Interna (DGSI), um dos serviços secretos da França, investigam o caso. O primeiro sobrevoo ocorreu na embaixada americana, na Praça da Concórdia, no centro de Paris. A região é parcialmente isolada e muito vigiada pela polícia por ser considerada um potencial alvo de ataques terroristas. A descoberta do drone mobilizou agentes do setor de busca da Gendarmeria dos Transportes Aéreos (GTA), que não localizaram seu piloto.

Ao longo da madrugada, outras aeronaves não tripuladas foram flagradas em torno da Torre Eiffel, do Hotel des Invalides e da Praça da Bastilha, pontos turísticos, e também da Torre Montparnasse, um centro de negócios na zona sul da capital. A polícia foi acionada e realizou buscas que duraram mais de seis horas, sem conseguir identificar os responsáveis pelos sobrevoos não autorizados, considerados “condução irregular de aeronave” pela Justiça.

A DGAC proíbe sobrevoos em todos os centros urbanos da França, com exceção dos autorizados pela chefia da Polícia Nacional, o que só ocorre após análise dos serviços de Defesa franceses. 

O Ministério do Interior não se manifestou a respeito dos sobrevoos, mas o tema é levado a sério na França, que teme espionagem ou atividade terrorista depois do aumento da tensão envolvendo a Rússia, na crise política e militar na Ucrânia, e dos atentados de 7, 8 e 9 de janeiro cometidos em Paris por radicais islâmicos com vínculos com a Al-Qaeda e o Estado Islâmico.

Precedente. Em 20 de janeiro, um drone já havia sido visto sobrevoando o Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Na semana seguinte, outro aparelho sobrevoou a Ilha Longa, perto do Canal da Mancha, instalação militar mais protegida do país por servir de porto a quatro submarinos nucleares lançadores de mísseis com ogivas atômicas. 

Em 2014, 17 instalações nucleares da França também foram monitoradas por esses aparelhos. Das 17 usinas, 13 foram espionadas no intervalo de um mês.

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Para a polícia e os serviços de inteligência, a ação de pilotos de drones não autorizados em perímetros urbanos é um problema novo, para o qual ainda não há métodos de combate. Por razões de segurança, não é possível abater os aparelhos em pleno voo. Além disso, a falta de regulamentação sobre os pilotos impede sua fácil identificação, que se soma à multiplicação do número de praticantes, já que a venda das aeronaves é feita até mesmo em lojas de produtos eletrônicos. 

“Frente a esse fenômeno novo, as forças de ordem ainda estão procurando um método (para lidar com a questão)”, disse à agência France Presse o criminologista e especialista em segurança aérea Christophe Naudin.

O Estado-Maior das Forças Armadas deslocou para posições consideradas estratégicas na França radares militares de baixa altitude, mas os equipamentos ainda têm limitações. A pedido do Ministério da Defesa, laboratórios de pesquisa vêm desenvolvendo instrumentos para bloquear a atividade de aeronaves em futuras “zonas livres de drones”, que serão monitoradas a partir de sinal de GPS.

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