EI decapita ex-diretor do departamento de antiguidades de Palmyra

Khaled Asaad, de 82 anos, foi mantido refém pelo grupo extremista por um mês; ele dirigiu o organismo em Palmyra por mais de 50 anos, mas estava aposentado desde 2002

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PALMYRA, SÍRIA - O grupo Estado Islâmico (EI) decapitou o ex-diretor do departamento de antiguidades da cidade antiga de Palmyra, de 82 anos, informaram o diretor do departamento de antiguidades da Síria e uma ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres.

Os integrantes do grupo jihadistas divulgaram fotografias na internet de um corpo amarrado a um poste em Palmyra, identificado como o de Khaled Asaad.

Diretor do departamento de antiguidades para toda a Síria, Maamun Abdelkarim, mostra foto de Khaled Asaad, decapitado pelo EI em Palmyra Foto: LOUAI BESHARA/AFP

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O diretor do departamento de antiguidades para toda a Síria, Maamun Abdelkarim, afirmou que Asaad foi executado pelo EI na terça-feira em Palmyra, cidade da província de Homs, no centro do país.

"O Daesh (acrônimo em árabe do Estado Islâmico) executou um dos especialistas em antiguidades mais importantes da Síria", disse Abdelkarim. "Ele foi o diretor do departamento de antiguidades de Palmyra durante 50 anos, e estava aposentado há 13. Tinha 82 anos."

Na foto divulgada na internet, um corpo aparece amarrado em um poste de energia elétrica em uma estrada, com um cartaz que o identifica como Khaled al-Asaad. Ele foi degolado com uma faca após passar um mês em cativeiro nas mãos dos extremistas.

No cartaz, os jihadistas o acusam de ser um partidário do regime sírio, por ter representado o governo em conferências no exterior ao lado de "infiéis", e de ser o diretor dos "ídolos" de Palmyra.

A ONG OSDH confirmou a execução e informou que Asaad foi assassinado em uma praça pública de Palmyra, diante de dezenas de pessoas.

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Os jihadistas assumiram o controle da cidade antiga de Palmyra, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco por suas famosas ruínas, em 21 de maio.

A versão extrema do islã promovida pelo EI impede formalmente a visita a estes locais arqueológicos e históricos, além de considerar as estátuas de figuras humanas ou animais como idolatria.

A parte antiga de Palmyra tem sido nos últimos meses palco de assassinatos dos radicais. Em um deles, um grupo de adolescentes recrutados pelo EI fuzilou 25 soldados do governo do presidente Bashar Assad capturados pelos jihadistas.

Palmyra foi nos séculos I e II d.C. um dos centros culturais mais importantes do mundo antigo e ponto de encontro das caravanas na Rota da Seda, que atravessavam o árido deserto do centro da Síria.

Antes do início do conflito, em março de 2011, as ruínas da cidade eram uma das principais atrações turísticas da região. / AFP e EFE

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