Estado Islâmico pode ter cometido genocídio no Iraque, alerta ONU

Entre crimes cometidos pelo EI estão queimar pessoas, decapitar e abusar sexualmente de crianças; 19 mil morreram em 2015

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Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - O grupo extremista Estado Islâmico (EI) pode ter cometido "potencialmente um genocídio" no Iraque. Esse é o resultado de uma investigação publicada nesta terça-feira, 19, pelo Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, que denuncia as violações do grupo jihadista e aponta que o conflito entre governo e extremistas deixou mais de 18,8 mil mortos apenas em 2015. 

Dados coletados pela ONU mostram que, além dos mortos, 36,2 mil feridos foram registrados entre janeiro e outubro de 2015. Entre maio e outubro do ano passado, foram registradas 3,8 mil mortes e o conflito ainda deixou outros 3,2 milhões refugiados, inclusive 1 milhão de crianças. 

O vídeo, que não foi verificado de modo independente, mostra o assassinato de cinco homens acusados de espionar para o Ocidente, enquanto o homem mascarado afirma que o Estado Islâmico um dia invadirá a Grã-Bretanha Foto: REUTERS/Social Media

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O EI não é o único responsável. Segundo a ONU, as forças de segurança do governo iraquiano e seus aliados - milícias e grupos tribais - também são acusados de organizar sequestros e assassinatos ilegais. "Muitos desses incidentes ocorrem com pessoas suspeitas de colaborar com o EI", diz o documento. 

Mas é na atuação do EI que as denúncias se concentram, apontando para o descobrimento de fossas comuns, muitas delas em regiões controladas pelos jihadistas. "O Estado Islâmico continua cometendo de forma sistêmica e generalizada violações e abusos do direito humanitário internacional e dos direitos humanos", afirma a ONU. "Esses atos podem supor, em alguns casos, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e potencialmente genocídio". 

Segundo a investigação, são vítimas "todos que se opõe ao EI, pessoas filiadas ao governo, como membros das forças de segurança, funcionários, profissionais como advogados, médicos ou jornalistas, além de líderes religiosos". 

O grupo jihadista teria criado seu próprio sistema judicial, com castigos desumanos, amputações e a aplicação de centenas de sentenças de morte. As execuções públicas teriam se multiplicado, com casos de mortes "por disparos, decapitação, queimando vivo ou jogando a pessoa do último andar de um edifício". 

Em relação às crianças, os abusos também chocam a ONU. Entre 800 e 900 crianças teriam sido sequestradas em Mossul para passar por um "treinamento militar e educação religiosa", enquanto em Anbar dezenas foram assinadas por tentar fugir da convocação para lutar. "O EI continua abusando sexualmente de crianças e mulheres, há em especial a escravidão sexual", afirma a investigação. 

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