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Eleições na Polônia têm mulheres como protagonistas

A liberal Ewa Kopacz, atual primeira-ministra, e a conservadora Beata Szydlo, são principais candidatas na eleição geral de domingo

Atualização:

VARSÓVIA - A primeira-ministra da Polônia, a liberal Ewa Kopacz, enfrentará nas eleições gerais de domingo, 25, a conservadora Beata Szydlo, favorita nas pesquisas de opinião e que tenta reconduzir ao poder o partido Lei e Justiça após oito anos de oposição.

Esta é a primeira vez que duas mulheres surgem como principais candidatas ao governo do país. De acordo com a última pesquisa divulgada na quinta-feira, do instituto TNS, Beata tem 32,5% das intenções de voto, enquanto Ewa aparece com 26%.

A liberal Ewa Kopacz (E) e a conservadora Beata Szydlo, principais candidatas na eleição geral da Polônia Foto: JANEK SKARZYNSKI/AFP

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A liberal Ewa Kopacz (E) e a conservadora Beata Szydlo, principais candidatas na eleição geral da Polônia

Em terceiro lugar está o movimento populista liderado pelo ex-cantor Pawel Kukiz (10,4%), seguido pela coalizão de esquerda liderada por Barbara Nowacka (7,5%).

Formada em Etnografia e doutora em Filosofia, Beata Szydlo, de 52 anos, conta com a maioria das intenções de voto para ser a próxima chefe de Estado polonesa.

O Lei e Justiça, partido pelo qual ela concorre, foi fundado em 2001 pelos gêmeos Kaczynski (Jaroslaw e o já falecido ex-presidente do país, Lech) e combina política social e econômica própria da esquerda com uma visão tradicionalista que defende os valores católicos, patrióticos e reticentes à globalização.

Caso as previsões das pesquisas sejam confirmadas após a votação, Ewa Kopacz pode deixar o governo polonês após um ano no comando do país. Aos 58 anos, ela é pediatra de profissão e política nos últimos anos, sempre vinculada a opções liberais de centro-direita e bastante ligada ao atual presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, a quem sucedeu à frente do governo em 2014.

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Ewa milita pela Plataforma Cívica, liberal e integrante do Partido Popular Europeu (PPE), que governa desde 2007 e defende ter colocado as contas em ordem, reduzido o déficit e, principalmente, transformado a Polônia no único país que conseguiu evitar a recessão econômica durante a crise global.

A liberal considera o Lei e Justiça uma ameaça para a estabilidade fiscal por prometer um aumento considerável dos gastos públicos. Como resposta, Beata afirma que suas políticas visam ajudar toda a sociedade, não apenas "poucos escolhidos".

Sombras. Além das diferenças políticas, Ewa e Beata têm em comum o fato de estarem sob a sombra de dois líderes homens, o que faz com que muitos analistas políticos duvidem de sua autonomia para impor as próprias decisões.

Beata Szydlo foi designada por Jaroslaw Kaczysnki, primeiro-ministro entre 2005 e 2007 e presidente do Lei e Justiça, e em poucos meses se tornou a imagem que seu partido precisava para retornar ao poder.

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Em um recente debate no qual ambas as candidatas se enfrentaram, Ewa perguntou que papel terá Kaczynski (um dos políticos menos cotados na Polônia) em um possível governo do Lei e Justiça. "Não vou entrar em assuntos de partido que não são relevantes para os eleitores", respondeu Beata taxativamente à principal rival.

O caso de Ewa é relativamente similar e, embora Tusk presida o Conselho Europeu há um ano, a maioria dos analistas considera que ele ainda tem influência sobre o governo polonês e que suas decisões são determinantes.

Cenários. A questão é se o Lei e Justiça conseguirá a maioria absoluta ou se precisará de pactos para governar. O entendimento com o Movimento Kukiz, a terceira legenda mais bem colocada na última pesquisa, é imprevisível. Um acordo com a Aliança de Esquerda é quase impossível, e também parece inviável um pacto com o economista ultraliberal Ryszard Petru, do Nowoczesna.

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Após esse partido, aparece nas pesquisas a Coalizão para a Renovação da República, do polêmico radical monárquico Janusz Korwin Mikke, que, caso entre no parlamento, tem a possibilidade de fechar um acordo com o Partido Camponês, que nas duas últimas legislaturas fez parte do governo da Plataforma Cívica.

Por enquanto, uma grande coalizão contra o Lei e Justiça liderada pela Plataforma Cívica parece um cenário pouco provável caso os liberais não consigam um bom resultado nas urnas no domingo. / EFE

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