ELN está disposto a manter a trégua na Colômbia até janeiro

Guerrilha espera melhores resultados do que os obtidos até agora com cessar-fogo com o governo de Juan Manuel Santos

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Atualização:

Mesmo com o cessar-fogo na Colômbia enfrentando um grave risco, o Exército Nacional da Libertação Nacional (ELN) se mostra empenhado em respeitá-lo até 9 de janeiro, assegura o negociador da guerrilha em entrevista exclusiva à AFP em Quito.

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+Colômbia e ELN chegam a acordo para negociar paz

O comandante Pablo Beltrán reprova o governo de Bogotá que não assume sua responsabilidade no crescente número de ataques contra líderes sociais, o que já deixou 200 mortos desde janeiro de 2016, segundo a Defensoria do Povo.

Na elegante fazenda localizada na periferia de Quito, onde é negociado um acordo de paz similar ao assinado com as Farc, Beltrán critica as faltas do governo para com essa guerrilha, agora transformada em partido político.

A guerrilha ELN surgiu em 1964 inspirada na revolução cubana e tem raízes cristãs Foto: REUTERS/Federico Rios

Também sugere uma alternativa da esquerda visando às eleições presidenciais de maio, que o ex-chefe das Farc, Rodrigo Londoño ("Timochenko") pretende disputar. O objetivo, segundo Beltrán, é deixar para trás a polarização entre o presidente Juan Manuel Santos e o ex-chefe de Estado, Álvaro Uribe, ambos impedidos por lei de serem candidatos.

Vocês manterão a trégua até 9 de janeiro? Sim, apesar das dificuldades, também há alguns êxitos. E o propósito comum que temos é que neste segundo mês (de trégua), novembro, tenhamos melhores resultados e que encontremos uma solução para as falhas e os problemas".

E depois? Achamos que neste momento a principal tarefa é resolver os problemas do cessar-fogo e levá-lo adiante. Se formos capazes disso, já nos damos por satisfeitos, e, em seguida, veremos o que vai acontecer depois de 9 de janeiro.

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Que problemas são esses? Houve um aumento muito grande de mortes e ameaças contra líderes e de repressão forte sobre a substituição forçada dos cultivos de uso ilícito (...). Esta situação resultou em muitos protestos, e o tratamento que se está dando a esses protestos é um tratamento de guerra.

O governo reconhece suas reclamações? Ele não consideram isso um problema, não acham que isso viola o cessar-fogo. (...). E há instâncias internacionais que reclamam do governo que assuma suas responsabilidades".  Beltrán menciona, por exemplo, a morte, supostamente pelas mãos do exército, de uma jornalista indígena em um protestos por terra em 8 de outubro.

Há novas condições para prosseguir com o cessar-fogo? "Não, nenhuma. A única coisa que queremos é que a ajuda humanitária chegue. Quanto às operações ofensiva, há uma vontade de que não haja choques (...), Para que vão fazer operações de revista e controle (do exército) ao lado de uma força do ELN? Isso é procurar por choque".

Que balanço vocês fazem da recente reunião ELN-Farc? "Ouvimos com muita atenção todas as inúmeras dificuldades que estão passando no processo de implementação".

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 As negociações com o ELN dependem da implementação do acordo com as Farc?Não, mas se não forem cumpridas com as Farc, nós temos que esperar. Se forem adiante, veremos o que vai acontecer. 

As Farc já têm um candidato presidencial. O que acham disso?O país precisa de uma terceira opção; todos os grupos críticos, alternativos, de esquerda, revolucionários devem se unir e oferecer uma alternativa que implique a continuidade do processo de paz e mudanças. Se esta terceira opção acontecer, nós ajudaremos para isso siga adiante e gostaríamos que as Farc estejam juntas. Porque já é hora de virar a página de que os colombianos e colombianas só têm que votar ou nos amigos de Uribe ou nos amigos de Santos. É preciso acabar com isso.

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