MADRI - Em carta publicada nesta quinta-feira, 1º, pelo jornal espanhol El País, o líder opositor Leopoldo López, preso desde fevereiro de 2014, afirmou que a manifestação convocada pela Mesa da Unidade Democrática (MUD) para exigir a realização do referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro resultará em "mudanças políticas" na Venezuela.
"Estamos convencidos que milhões de pessoas participarão (da marcha) e com essa pressão popular e pacífica, e o acompanhamento de democratas de todo o mundo, conquistaremos a mudança política", afirmou López no texto escrito dentro da prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas.
A oposição venezuelana espera que com esta marcha, batizada de "Tomada de Caracas", seja histórica e pressione o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) a ativar o início da coleta dos quatro milhões de assinaturas necessárias para a convocação do referendo revogatório.
De acordo com o instituto Datanálisis, oito em cada dez venezuelanos querem uma mudança de governo. O país passa por uma dura crise em razão da queda dos preços do petróleo, a inflação disparou - o FMI projeta que o índice chegue a 720% neste ano -, e há uma escassez de alimentos e medicamentos de aproximadamente 80%.
"A crise econômica tornou-se uma grave crise humanitária que veio a iniciar uma mobilização política que inevitavelmente levará à destituição de Nicolas Maduro", escreveu Lopez.
Condenado a quase 14 anos de prisão por instigar a violência durante protestos contra o presidente venezuelano em 2014, López afirma que depois que o líder chavista deixar o poder deveria ser formado um governo de unidade nacional "que seja representativo da diversidade e da pluralidade" da Venezuela.
O político disse ainda que o novo governo teria a missão de "refundar uma democracia sobre bases mais justas e mais sólidas", resolver a crise humanitária, estabilizar a economia, reforçar a segurança e respeitar os direitos humanos. "Não tenho dúvida alguma de que o nobre povo da Venezuela está à beira de uma grande vitória democrática", conclui López. / AFP