ERIVAN - A Armênia divulgou nesta segunda-feira, 7, o resultado do referendo realizado no domingo sobre a mudança do sistema de governo do país, de presidencialista para parlamentarista. Com 63,35% dos votos, o "sim" à proposta de converter o país em uma República parlamentar por meio de reforma constitucional venceu a consulta, informou a Comissão Eleitoral Central (CEC).
Ainda de acordo com a CEC, o "não" à mudança de atual modelo de governo presidencialista obteve 32,35%, enquanto os outros 4,3% correspondem a cédulas em branco e as declaradas nulas. Segundo a comissão, a participação no plebiscito foi de 50,51% do censo eleitoral, definido em 2.550.323 cidadãos.
Logo após os resultados da consulta, que referenda a reforma constitucional, já aprovada pelo Parlamento, serem divulgados a oposição denunciou fraude.
"Segundo nossos dados, a magnitude da fraude atinge meio milhão de cédulas", denunciou Levon Zurabian, chefe do grupo parlamentar do partido opositor Congresso Nacional Armênio (CNA).
Segundo o dirigente do CNA, os membros do governo armênio usaram todo tipo de recursos para falsificar os resultados da consulta, "desde a violência até votações múltiplas".
Depois do fechamento dos colégios eleitorais, um grupo de opositores concentrados na Praça da Liberdade, no centro da capital de Erivan, para denunciar a consulta e exigir a renúncia do atual presidente, Serzh Sarkisian, defensor da reforma constitucional.
Segundo os opositores, o único objetivo da reforma é perpetuar Sarkisian no poder como primeiro-ministro, já que pela atual Constituição ele não pode se candidatar novamente à presidência porque já cumpriu dois mandatos.
O parlamentarismo, afirmam os opositores do líder armênio, permitirá ao atual presidente manter em suas mãos todo o poder executivo - como primeiro-ministro - durante todas as eleições que seu partido ganhar.
A Turquia, desafeto histórico da Armênia em razão do genocídio de 1,5 milhão de armênios no Império turco-otomano durante a 1ª Guerra, adotou em agosto de 2014 caminho inverso, ao trocar o sistema parlamentarista pelo presidencialista.
A medida segundo críticos do atual presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, teria o mesmo objetivo denunciado pelo opositores de Sarkisian: perpetuar no poder o líder e seu grupo político, o Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP). / EFE