Empresas britânicas rechaçam saída da União Europeia

Em manifesto, executivos e acionistas alertam para riscos econômicos de ‘Brexit’

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Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

Um grupo de 200 líderes empresariais da Grã-Bretanha publicou nesta terça-feira no jornal "The Times" um manifesto contra a possível saída britânica da União Europeia. O abaixo-assinado alega que abandonar o bloco econômico europeu “ameaçaria o nível de emprego e colocaria a economia em perigo”.

“O Reino Unido será mais forte, mais seguro e mais rico ficando como membro da UE”, afirmam os empresários e executivos que se manifestaram contra o risco de “Brexit”, a saída britânica do bloco. Juntos, eles representam um terço das cem das maiores empresas britânicas.

David Cameron fala a trabalhadores sobre os benefícios de a Grã-Bretanha permanecer na UE Foto: EFE/Hannah Mckay

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O texto veio a público dois dias após o prefeito de Londres, Boris Johnson, uma das personalidades mais influentes do Partido Conservador, desafiar o primeiro-ministro David Cameron, líder dos Tories, e apoiar a campanha do “Leave”, contra a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia. Em resposta, executivos de 36 das 100 maiores empresas do país se juntaram ao manifesto em favor do “Stay in”, pela manutenção no bloco econômico.

“Os negócios que lideramos representam cada setor e região da Grã-Bretanha. Juntos, nós empregamos centenas de milhares de pessoas em todo o país. Seguindo a negociação do primeiro-ministro, nós acreditamos que é melhor para a Grã-Bretanha permanecer em uma UE reformada”, diz o texto. “Ele (Cameron) assegurou um compromisso de parte da UE de reduzir o peso da regulamentação, aprofundar o mercado comum e assinar acordos comerciais internacionais cruciais.”

Entre os signatários do manifesto, estão executivos de companhias britânicas como a petrolífera BP, a farmacêutica Astra Zeneca, a gigante da moda de luxo Burberry e o supermercadista Marks and Spencer. 

Líderes de empresas de outros países europeus, como a Airbus, também subscrevem o documento. “Nós acreditamos que deixar a UE deteria investimentos, ameaçaria postos de trabalho e colocaria a economia em perigo. A Grã-Bretanha é mais forte, mais segura e melhor permanecendo membro da UE.”

Lados. A batalha pela opinião pública britânica esquentou no sábado, com o início das campanhas pelo “sim” e pelo “não”, um dia depois de Cameron obter do Conselho Europeu – o fórum de chefes de Estado e de governo dos 28 países – concessões como o bloqueio de programas sociais a imigrantes da Comunidade Europeia. Com o acordo, o premiê se lançou na campanha em favor da permanência, mas cinco de seus ministros e líderes dos tories optaram pelo “não”, assim como Johnson.

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Nos últimos dias, executivos de bancos, fundos de investimentos e de pensões que atuam na City, o distrito financeiro de Londres, também manifestam apoio ao “Stay in”. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Inovação Financeira (CSFI) indicou que 73% dos funcionários de organizações da City votarão pela permanência na UE. E uma minoria, 31%, considera Bruxelas “hostil” ao sistema financeiro britânico – um dos argumentos contra a união.

A incerteza provocada pelo referendo fez com que a moeda britânica, a libra esterlina, mergulhasse a seu menor valor frente ao dólar desde março de 2009. Na segunda-feira, a divisa perdeu 2,4%. Analistas já preveem mais instabilidade até a data da votação, marcada por Cameron para 23 de junho.

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