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Entenda o que está em jogo nas eleições em Israel

Além do premiê Binyamin Netanyahu, há mais 12 postulantes ao cargo; saiba mais sobre a votação e o cenário político israelense atual

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Por Redação
Atualização:

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, buscará o quinto mandato na eleição desta terça-feira, 9, quando serão escolhidos os novos integrantes do 21.º Knesset (Parlamento) do país. Além de Netanyahu, há mais 12 postulantes ao cargo.

O Knesset tem 120 assentos, dos quais a maioria é ocupada pelo Likud, partido do atual premiê e aliados. Desde que Israel foi fundada em 1948, nenhum partido formou maioria absoluta. Entenda abaixo a votação e o que está em jogo no pleito deste ano.

Além de Netanyahu, há mais 12 postulantes ao cargo de primeiro-ministro de Israel Foto: Nir Elias / Reuters

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Como está o cenário político atual de Israel?

Netanyahu está no poder há quase 13 anos e enfrenta resistências internas em razão de investigações por desvios de conduta. Em comunicado, o Likud informou que pretende unir “asfileiras para garantir que os votos da direita não sejam perdidos".

O governo de Netanyahu tem sido marcado pelo colapso dos diálogos de paz com os palestinos, confrontos com o Irã, conflitos armados com o Hamas e hostilidade com relação ao que ele vê como um plano para isolá-lo e deslegitimar o Estado judeu.

Ao mesmo tempo, ele conduziu uma era de crescimento econômico e estabilidade, descongelou as relações com líderes árabes sunitas e expandiu os laços comerciais do país na África, América Latina e Ásia.

Quem está na frente nas pesquisas de intenção de voto?

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As pesquisas mais recentes, divulgadas na sexta-feira 5, mostram o Partido Azul e Branco, de Benny Gantz, ligeiramente à frente do Likud. Os posicionamentos políticos dos dois são similares e representam uma reflexão sobre como as políticas israelenses se voltaram cada vez mais para a direita sob o governo de Netanyahu.

Mas enquanto Gantz busca aliados, Netanyahu se volta à extrema direita para fortalecer suas perspectivas para uma maioria parlamentar. O premiê chegou a prometer que começaria a estender a soberania sobre os territórios palestinos ocupados, os quais estes querem para formar um futuro Estado, se for reeleito.

As pesquisas mais recentes mostram o Partido Azul e Branco, de Benny Gantz (foto), ligeiramente à frente do Likud, de Netanyahu Foto: Amir Cohen / Reuters

O que torna essa eleição diferente das outras?

O fato de Netanyahu poder ser indiciado. O procurador-geral de Israel anunciou em março que planejava acusar o premiê de corrupção, fraude e quebra de confiança. Uma decisão final sobre as acusações deve ser divulgada até o fim do ano. Sob a lei atual, Netanyahu - caso seja reeleito - não teria de renunciar até uma condenação, mesmo que a nova legislação ou a pressão pública possam forçá-lo a deixar o cargo.

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Para Netanyahu, as acusações são uma caça às bruxas partidária sem base alguma. Mas com um primeiro-ministro em exercício a ser acusado, Israel estaria entrando em um terreno legal e político desconhecido, incerteza que tem prejudicado Netanyahu antes mesmo da eleição.

Esta também é a primeira vez que três ex-líderes do Exército (as Forças de Defesa de Israel) se uniram para concorrer ao gabinete. O Azul e Branco é liderado por Gantz e outros dois generais veteranos, Gabi Ashkenazi e Moshe Yaalon, que se juntaram a um partido de centro muito conhecido, o Yesh Atid, liderado por Yair Lapid, um ex-jornalista, apresentador de televisão e ministro de Finanças.

Gantz concordou em entregar o posto de primeiro-ministro a Lapid após dois anos e meio se o partido deles ganhar. Enquanto Netanyahu tem um histórico forte com relação à defesa de Israel, as credenciais militares do Azul e Branco tornaram mais difícil para ele atacar Gantz e seus colegas como fracos no quesito segurança.

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Como funciona a votação?

Os eleitores votam em partidos, e não em indivíduos, como candidatos para preencher os assentos do Knesset (Parlamento), que conta com 120 membros. Os assentos são divididos proporcionalmente com base na porcentagem de votos que cada grupo recebe. Qualquer um que consiga 3,25% ou mais de votos obtém ao menos um assento.

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Se o partido não conseguir - e muitos partidos menores não conseguem - os votos deles não serão contados, o que aumenta a parcela de assentos concedidos aos outros grupos. Se um partido ganhar ao menos 61 assentos, consegue o direito de formar um governo, mas isso nunca aconteceu na política israelense. Então, assim que os assentos forem divididos, os partidos tentam formar coalizões que controlam a maioria dos assentos.

O que acontecerá depois que a votação for encerrada?

As maiores emissoras de televisão e sites de notícias de Israel divulgarão pesquisas de boca de urna assim que a votação acabar, por volta das 22h (16h em Brasília) de terça-feira. Os números darão uma estimativa de quantos assentos do Parlamento cada partido ganhou. Depois disso, os cálculos da coalizão são iniciados.

Netanyahu buscará o quinto mandato na eleição deste ano Foto: Sebastian Scheiner / AP

Como funciona a construção da coalizão?

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, se consulta com os líderes de todos os partidos representados no Parlamento e com os seus indicados a primeiro-ministro, e depois escolhe o parlamentar que acredita que tem as melhores chances de formar uma coalizão. O indicado, que não necessariamente precisa ser o líder do partido que ganhou mais votos, tem até 42 dias para formar um governo antes de o presidente pedir a outro político que tente fazer o mesmo. Em resumo, o processo pode levar alguns meses.

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Também é possível que o Likud e o Azul e Branco unam forças e criem um governo de unidade nacional. Em teoria, Rivlin pode oferecer a Gantz e a Netanyahu essa oportunidade e eles poderiam se revezar no cargo de primeiro-ministro. Entretanto, Gantz já rejeitou essa ideia, dizendo que ele não governará ao lado de Netanyahu, apesar de uma gravação divulgada recentemente indicar que ele o faria.

Que tipo de coalizão pode ser formada?

Netanyahu provavelmente buscará uma coalizão, similar ao seu governo atual, com partidosultranacionalistas e judeus ortodoxos. Já Gantz deverá conseguir facilmente o apoio de partidos de esquerda e centro-esquerda, como o Partido Trabalhista e o Meretz.

Tanto o Likud quanto o Azul e Branco devem conseguir 30 assentos cada um - o que significa que ambos buscarão alianças com partidos menores. O Likud deve se unir ao Nova Direita e à aliança de extrema direita conhecida como União dos Partidos de Direita, que inclui o Poder Judaico, qualificado como extremista e anti-Árabe.

E como ficam os cidadãos árabes de Israel?

Eles representam quase um quinto dos 5,8 milhões de eleitores aptos a votar em Israel, o que poderia dar aos quatro partidos árabes de Israel um papel de potencial influenciador político. Mas esses grupos nunca se uniram a uma coalizão de governo no país.

Alguns eleitores árabes de Israel prometeram boicotar a eleição, parcialmente em protesto a uma nova lei imposta por Netanyahu que declara o país como o “Estado nação do povo judeu”. Para alguns críticos, ela é racista e antidemocrática.

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E quanto aos palestinos dos territórios ocupados?

Eles não são cidadãos israelenses e não podem votar nesta eleição. Cerca de 4,75 milhões de palestinos estão nesta categoria, de acordo com o Instituto para Entendimento do Oriente Médio, um grupo palestino nos Estados Unidos.

Moshe Feiglin vem construindo um apoio inesperadamente forte, com uma plataforma libertária que defende a legalização da maconha, política de livre mercado e anexação dos territórios palestinos ocupados Foto: Amir Cohen / Reuters

Quais são os fatores inesperados para ficar de olho?

O político de extrema direita Moshe Feiglin vem construindo um apoio inesperadamente forte, conforme mostram as pesquisas de opinião, com uma plataforma libertária que defende a legalização da maconha, política de livre mercado e anexação dos territórios palestinos ocupados.

Na política israelense, um governo de unidade nunca pode ser descartado se o caminho para uma coalizão liderada pela direita ou centro-esquerda se mostrar difícil - apesar de Gantz ter prometido não governar com Netanyahu, citando alegações de corrupção contra o líder do Likud, que nega as acusações. / NYT, REUTERS e AGÊNCIA BRASIL

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