Entenda os escândalos nos quais Netanyahu está envolvido

Premiê israelense lida com acusações de corrupção, fraude e abuso de confiança, no que pode ser o desafio mais duro de seu mandato

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Atualização:

JERUSALÉM - O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, luta para se manter no cenário político do país enquanto se vê envolvido em uma série de escândalos, junto à família e alguns amigos próximos.

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Binyamin Netanyahu e sua mulher, Sara, lidam há tempos com acusações de gastos excessivos e uso questionável do dinheiro público Foto: REUTERS/Amir Cohen

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Na semana passada, a polícia israelense anunciou que tem evidências suficientes para indiciar o premiê por corrupção, fraude e abuso de confiança em dois casos. Nesta semana, uma nova acusação surgiu e pode ser a mais perigosa de todas, depois que um dos amigos mais próximos de Netanyahu concordou em depor contra ele em um escândalo de tráfico de influência.

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O líder israelense e sua mulher, Sara, lidam há tempos com acusações de gastos excessivos e uso questionável do dinheiro público. Netanyahu nega todas as acusações e culpa a mídia por conduzir uma campanha que visa tirá-lo do poder.

Mas com um colega sob intenso escrutínio público e policial, e seus leais aliados políticos em silêncio, o premiê lida com o desafio mais duro de seu longo mandato. Veja abaixo as acusações que ele enfrenta.

Presentes

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A polícia recomendou indiciar Netanyahu por receber cerca de US$ 300 mil em presentes do magnata Arnon Milchan, produtor de cinema israelense que trabalha em Hollywood, e do bilionário australiano James Packer.

Autoridades dizem que em troca de itens como joias, charutos e garrafas de champagne, Netanyahu agiu em nome de Milchan em assuntos ligados a vistos americanos, tentou conseguir uma generosa redução de impostos para ele e procurou promover seus interesses na imprensa israelense.

A polícia não comentou o que Packer teria conseguido, e o premiê disse que tudo que ele recebeu foram presentes de amigos. O procurador-geral Avihai Mandelblit, nomeado por Netanyahu, é o encarregado de decidir sobre arquivar ou não o processo, que deve durar vários meses.

Imprensa

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Policiais também recomendaram indiciar Netanyahu por supostamente ter fechado um acordo secreto com Arnon Mozes, editor do jornal Yediot Aharonot, para uma cobertura favorável aos seus interesses.

Fontes alegam que o líder israelense foi gravado pedindo a Mozes para publicar uma imagem sua positiva. Em troca, ele ajudaria a enfraquecer o Israel Hayom, jornal pró-Netanyahu que entrou nos negócios do Yediot.

Israel Hayom é financiado por Sheldon Adelson, amigo americano bilionário de Netanyahu, e funciona como um porta-voz do premiê. Netanyahu percebeu que um projeto para enfraquecer a publicação não seria aprovado. Mandelblit também terá de decidir sobre esse caso.

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Telecomunicações

Na terça-feira 20, dois amigos próximos de Netanyahu foram presos suspeitos de oferecer um acordo avaliado em milhões de dólares ao grupo de telecomunicações Bezeq. Em troca, o site de notícias Walla - que pertence ao veículo - faria uma cobertura favorável a Netanyahu e sua família.

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Nir Hefetz, um ex-porta-voz da família do premiê, e Shlomo Filber, ex-diretor do Ministério das Comunicações, estão sob custódia, assim como Shaul Elovitch, diretor do grupo Bezeq, sua mulher, seu filho e outros executivos da companhia.

Jornalistas que trabalharam no site Walla afirmaram que foram pressionados a evitar reportagens negativas sobre Netanyahu. O premiê ainda não foi considerado suspeito neste caso, mas pode ser interrogado. Filber teria concordado em levar uma testemunha estatal contra o líder em troca de uma redução na pena.

Submarinos alemães

Netanyahu não é considerado suspeito, mas alguns de seus sócios mais próximos foram implicados em um caso relacionado a um possível conflito de interesses envolvendo a compra de submarinos alemães por US$ 2 bilhões. O advogado pessoal de Netanyahu, que também é seu primo, representou a empresa alemã envolvida.

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Subornos

A polícia disse na terça-feira que Hefetz é suspeito de tentar subornar uma juíza para encerrar o caso de corrupção contra a mulher de Netanyahu. Ele também é acusado de sugerir, por meio de um intermediário, à juíza Hila Gerstel em 2015 que ela poderia ser nomeada procuradora-geral se desistisse do caso contra Sara por gastos excessivos. O intermediário está sob custódia.

A oferta nunca foi concretizada e o atual procurador-geral de Israel recomendou há alguns meses indiciar a mulher do premiê por corrupção, fraude e abuso de confiança por gastar mais de US$ 100 mil do dinheiro público em refeições pessoais na residência oficial. Netanyahu negou a acusação e qualificou o caso como “ridículo”. / AP

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