Entidade da ONU alerta para risco de conflito armado na Venezuela

Organização afirma que entregar armas à população pode aumentar a possibilidade de confrontos violentos

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Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - A ONU alerta ao governo de Nicolás Maduro que sua iniciativa de entregar armas à população venezuelana apenas faz aumentar o risco de um confronto no país. A entidade não esconde o temor de que a crise em Caracas se transforme em um conflito armado. 

“Dar armas a civis implica um risco muito alto”, alertou Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, órgão que ao longo dos anos tenta aproximar a oposição ao governo de Maduro, mas ainda sem sucesso. “O que se necessita nesse contexto de conflito é que a tensão seja reduzida, não que seja incrementada. Quanto maior o número de armas pelas ruas, maior a possibilidade de que possam ser usadas”, disse Colville. 

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a aprovação de um plano para expandir para 500 mil os membros da Milícia Bolivariana. Segundo ele, o grupo estará em todo o território para a “defesa do país” Foto: EFE/MIGUEL GUTIÉRREZ

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Maduro anunciou a aprovação de um plano para expandir para 500 mil os membros da Milícia Bolivariana. Segundo ele, o grupo estará em todo o território para a “defesa do país”. “Uma arma para cada miliciano”, prometeu Maduro, em um anúncio na noite de segunda-feira 17 por rádio e televisão.

Na avaliação do presidente, a meta final é de fato “grande”, mas a qualificou como “indispensável”. Ele quer, no médio prazo, “organizar e treinar um milhão de milicianos para defender a paz”. Segundo Maduro, a oposição no país tenta facilitar uma intervenção internacional para derrubá-lo do poder. 

Para a entidade da ONU, que há poucas semanas alertou para a concentração de poderes nas mãos de Maduro, o governo precisa abrir espaço para diálogos. A entidade ainda se diz preocupada diante da morte de seis pessoas nos protestos dos últimos dias. 

“A situação está muito volátil e qualquer morte violenta deve ser investigada de forma profunda e imparcial”, disse Colville. A ONU ainda alertou que o governo de Maduro deve garantir a liberdade de manifestação. À oposição, a entidade pede que os protestos ocorram de “forma pacífica”. “Reiteramos ao governo que não deve conduzir prisões indiscriminadas e massivas de pessoas”, alertou Colville. “O Executivo deve fazer todos os esforços para apaziguar a tensão."

 

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