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Entre EUA e URSS, uma ilha no Caribe

ACERVO: Nas páginas do 'Estado', a Crise dos mísseis foi noticiada e retratada também em charges

Por LIZ BATISTA e DO ARQUIVO
Atualização:

SÃO PAULO - Em outubro de 1962, a descoberta de mísseis em Cuba fez a possibilidade de um confronto atômico entre EUA e URSS tomar contornos reais. Um enfrentamento certamente envolveria todo o globo. O fato de ele poder ser deflagrado em território latino-americano colocou todos os governantes da região em alerta.

 

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No entanto, até que o primeiro disparo detonasse a guerra, o que existia na agenda diplomática e no horizonte político era a crise. Para o Brasil, potência regional que matinha relações regulares tanto com EUA quanto com Cuba, era preciso saber gerenciar a crise para que ela não se voltasse contra si. Vislumbrar nela meios para melhorar a inserção do País no cenário político internacional ou assegurar posições na política interna, foi tarefa que coube ao talento e à engenhosidade dos diplomatas e políticos que capitanearam o Brasil naqueles 13 dias. As movimentações, internas e externas estão documentadas nas páginas do Estado. Matérias contavam como João Goulart, então presidente dentro do regime parlamentarista, lidou com as consequências internas da crise nos meses que antecederam o plebiscito onde os brasileiros decidiram pela volta do presidencialismo. Goulart tentou se equilibrar entre a oposição, que declarava sua política externa "contraditória e dúbia", e sua base política, se recusando a apoiar a invasão de Cuba, defendida por Kennedy, e manifestando publicamente sua oposição às sanções dos americanos contra o governo cubano. Em meio à delicada situação, uma oportunidade. Jânio Quadros, derrotado por Adhemar de Barros nas eleições pelo governo de São Paulo, buscava uma colocação no Legislativo. Jânio na oposição, ou até mesmo numa posição independente, seria fonte de desestabilização para o governo.A Crise dos mísseis e as boas conexões de Jânio com os líderes políticos de Cuba apresentavam uma grande oportunidade para Goulart. O impasse sinalizava a possibilidade de uma intermediação mais direta do Brasil no conflito e indicava o alinhamento de um importante político à sua base aliada. As etapas dessa corte política foram contadas nas matérias e retratadas em charges do jornal.

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