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Equador admite que cortou temporariamente acesso de Assange à internet

Horas antes, o site WikiLeaks havia denunciado o corte deliberado do serviço a seu fundador, asilado na embaixada equatoriana em Londres, e a intervenção de John Kerry para evitar a divulgação de e-mails de Hillary Clinton

Atualização:

LONDRES - O Equador reconheceu ontem que cortou temporariamente o acesso à internet de Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, asilado na embaixada equatoriana em Londres há mais de quatro anos.

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"No exercício de seu direito soberano, o Equador restringiu o acesso de parte do sistema de comunicações de sua embaixada na Grã-Bretanha", informou a chancelaria equatoriana. O ministério acrescentou que não é responsável pelos vazamentos de informações feito pelo WikiLeaks e afirmou que sua diplomacia não cede a pressões de outros países.

Horas antes, o WikiLeaks denunciara que o Equador tinha cortado deliberadamente o serviço de internet a Assange, refugiado na sede diplomática. Sem entrar em detalhes, a a organização afirmou que usou planos de contingência e sua conta no Twitter continua ativa.

Assange concede entrevista na embaixada do Equador em Londres em agosto de 2014 Foto: REUTERS/John Stillwell/Pool

A organização também disse que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pediu ao Equador que evitasse que o fundador do WikiLeaks divulgasse informação classificada de Hillary Clinton durante as negociações de paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

"Múltiplas fontes dos EUA nos dizem que John Kerry pediu ao Equador que evitasse que Assange publicasse documentos relacionados com (a candidata democrata às eleições presidenciais americanas) Hillary durante as negociações de paz das Farc", afirmou o WikiLeaks.

Assange não pode deixar a missão equatoriana, após ter solicitado a ajuda do governo de Quito a fim de evitar sua extradição à Suécia, país que quer interrogá-lo por crimes sexuais contra duas mulheres - algo que ele nega.

O australiano, que seria detido se sair desse edifício, acredita que se for enviado à Suécia será entregue aos Estados Unidos onde teme por sua vida, pois poderia ser julgado por crimes de espionagem pelos milhares de dados confidenciais filtrados por sua portal sobre o governo de Washington.

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Em outro tuíte, o WikiLeaks indicou nesta terça-feira que "o encontro privado de John Kerry com o Equador ocorreu no contexto das negociações (do processo de paz com as Farc) que ocorreram principalmente em 26 de setembro na Colômbia".

A restrição de internet ao jornalista australiano ocorreu após a divulgação de uma nova série de e-mails do Partido Democrata dos Estados Unidos.

Recluso na sede diplomática há quatro anos, a internet é uma das poucas maneiras que o ativista tem de manter em contato com o exterior. / AP e EFE