Escândalo sexual de ONG no Haiti provoca demissão de diretora

Funcionários da Oxfam, como sede em Oxford, teriam contratado prostitutas durante a operação de ajuda após o terremoto que devastou o país

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A diretora-adjunta da ONG Oxfam Charity, Penny Lawrence, renunciou nesta segunda-feira, 12, após assumir "inteira responsabilidade" pelo escândalo gerado após a revelação de que funcionários da organização contrataram prostitutas no Haiti, durante missão humanitária após o terremoto de 2010.

Pedestre passa por loja da Oxfam, em Londres, Grã-Bretanha, nesta segunda-feira, 12. Foto: Peter Nicholls/Reuters

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Após relatar sua "tristeza e vergonha pela conduta de funcionários no Chade e Haiti (...), incluindo uma “relação com prostitutas", a diretora-adjunta Penny Lawrence anunciou sua demissão do cargo e disse que assumia "inteira responsabilidade" pelos fatos. Ela explicou que os comportamentos inapropriados "do diretor (da ONG) no Chade e de sua equipe" já haviam sido "apontados” antes da viagem ao Haiti. "Não respondemos de forma adequada", admitiu.

A organização humanitária Oxfam, com sede em Oxford, entrou no olho do furacão midiático após revelações do jornal britânico The Times de que encarregados da ONG contrataram prostitutas no Haiti depois do terremoto de 2010. O jornal voltou a abordar o caso nesta segunda-feira, estimando que a ONG "ignorou as advertências" e nomeou seu diretor no Haiti, Ronald van Hauwermeiren, "apesar das preocupações (suscitadas) por seu comportamento com as mulheres" durante deu trabalho no Chade. O governo britânico exigiu uma "investigação completa e urgente" sobre o caso.

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A informação foi qualificada de "verdadeiramente chocante" por Downing Street, sede da liderança do governo britânico e residência da primeira-ministra Theresa May. "Desejamos que a Oxfam entregue todas as provas que têm desses atos à Comissão Caritativa (instituição britânica que controla as ONGs) para que seja feita uma investigação completa e urgente sobre essas acusações tão graves", indicou um porta-voz da primeira-ministra.

Falta de transparência

A Comissão Caritativa indicou em um comunicado ter recebido um relatório da Oxfam em agosto de 2011. No entanto, o relato mencionava "comportamentos sexuais inapropriados, intimidação e assédio da equipe", mas nada sobre "abusos dos funcionários" da ONG e não se referia a "potenciais crimes sexuais que envolveram menores".

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"Nossa reação teria sido diferente se todos os detalhes mencionados pela imprensa tivessem sido comunicados naquele momento", escreveu a Comissão. Segundo o Departamento de Desenvolvimento Internacional (DFID) britânico, os diretores da organização mostraram uma falta de critério em sua investigação interna e em sua transparência com o governo e com a Comissão Reguladora da Caridade no Reino Unido.

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A Comissão Europeia fez um apelo aos líderes da Oxfam nesta segunda-feira a "revelarem todos os detalhes" sobre o envolvimento de membros da ONG no escândalo sexual no Haiti e ameaçaram cortar seu financiamento. Segundo um porta-voz do executivo europeu, a Comissão estaria pronta para "parar de financiar organizações que não respeitam as regras de ética".

A Oxfam recebeu 1,7 milhões de euros de financiamento europeu em 2011, data onde teria ocorrido a contratação de garotas de programa por funcionários da ONG no Haiti. A organização afirmou ainda que quatro pessoas foram demitidas, e outras três abandonaram seus postos. A diretora-executiva da Oxfam International, Winnie Byanyima, defendeu a organização dizendo que seria impossível de acontecer novos casos do tipo após a nova legislação em vigor na ONG. /RFI

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