Espanha diz que brasileiros acusados de terrorismo tinham ligação com a Síria

De acordo com autoridades espanholas, dados enviados ao Brasil pela Guarda Civil da Espanha, em 2016, indicam uma triangulação de informação entre brasileiros, células terroristas espanholas e pessoas na Síria

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Por Jamil Chade ,  CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

A rede de contatos dos brasileiros acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de promover o terrorismo chega à Síria, segundo fontes de inteligência da Espanha entrevistadas nesta quinta-feira, 17, pelo ‘Estado’. Uma das preocupações das autoridades em Madri era a de que eventos esportivos, como a Olimpíada, pudessem ser alvo de um atentado no País. 

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Jihadistas desfilam na cidade síria de Tel Abyad, perto da fronteira com a Turquia Foto: Yaser Al-Khodor/Reuters

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De acordo com autoridades espanholas, dados enviados ao Brasil pela Guarda Civil da Espanha, em 2016, indicam uma triangulação de informação entre brasileiros, células terroristas espanholas e pessoas na Síria. Segundo informações obtidas pelo Estado, alguns dados coletados pela polícia espanhola indicavam “elementos de muito perigo” entre os envolvidos no caso brasileiro. Eles seriam considerados elementos de “alto risco”. 

A troca de informação começou em 2016, antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Existia, segundo policiais espanhóis envolvidos no caso, uma preocupação real de que as competições esportivas pudessem ser alvo de um atentado terrorista. Em algumas das informações coletadas na Espanha, os megaeventos brasileiros foram mencionados. 

De acordo com fontes de inteligência, houve um forte intercâmbio de dados desde aquele momento entre autoridades espanholas e brasileiras, com informações indicando que a a Olimpíada do Rio, em 2016, poderia ser alvo de um atentado. 

Nos dias que antecederam aos Jogos e durante os dias de competição, a atenção foi redobrada. No entanto, mesmo após o encerramento do evento, a colaboração entre Espanha e Brasil continuou. A partir de um mapeamento de dados, do rastreamento de conversas telefônicas e de aplicativos como WhatsApp e Telegram, foi constatado que existia uma intensa troca de informação entre Brasil, Espanha e Síria. 

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Nenhum dos brasileiros, porém, chegou a viajar até a Síria. Mas, segundo espanhóis envolvidos na investigação, ficou claro pelas mensagens que eles foram treinados à distância. Os dados chamaram a atenção dos investigadores que, imediatamente, passaram os dados às autoridades brasileiras. 

A partir de março de 2017, portanto, as prisões começaram a ocorrer. No entanto, segundo os espanhóis, a ordem era a de não desmantelar completamente a célula terrorista, para permitir justamente que os investigados pudessem manter os canais de comunicação abertos e a polícia chegasse ao maior número de envolvidos possível. 

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Assim, outras prisões ocorreram em outubro e dezembro de 2017. Inicialmente, segundo relatos de agentes na Espanha, 16 pessoas foram presas no Brasil. No entanto, 5 acabaram libertadas por falta de provas. 

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