Especialista da Unesco duvida da possibilidade de se reconstruir Palmyra
Para Annie Sartre-Fauriat, é ‘ilusório’ pensar em reerguer os templos destruídos, já que ‘não se pode reconstruir algo que se encontra em estado de escombros e pó’
Por Redação
Atualização:
PARIS - A historiadora Annie Sartre-Fauriat, membro do grupo de especialistas da Unesco para o patrimônio sírio, duvida da "capacidade de se reconstruir Palmyra", depois de ver as destruições e os saques no local e no museu, também "devastado" pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
"Todo o mundo se entusiasma porque Palmyra foi libertada, entre aspas, mas não se pode esquecer de tudo que foi destruído e da catástrofe humanitária do país. Estou perplexa com a capacidade, inclusive com a ajuda internacional, de reconstruir Palmyra", disse a historiadora especialista em Oriente Médio.
Cidade histórica de Palmyra, na Síria, após a expulsão do EI
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Cidade histórica de Palmyra, na Síria, após a expulsão do EI
Comparação do icônico Templo de Bel, na histórica cidade síria dePalmyra, em imagens feitas em março de 2014, antes da invasão do EI,e setembro de 201... Foto: AFP PHOTO / Joseph EID AND Maher AL MOUNESMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
O Arco do Triunfo, na histórica cidade síria de Palmira, está entre as construções destruídas pelos combatentes do Estado Islâmico; no domingo, 27, o ... Foto: AFP PHOTO / LOUAI BESHARA AND STRINGERMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Depois de o Exército sírio recuperar o controle de Palmira, a agência oficial Sana divulgou uma série de fotos da cidade que foi amplamente destruída ... Foto: SANA via APMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Em Palmira, na Síria, estão localizadas várias construções de alto valor arqueológico, comoesculturasepilares erguidos há mais de 15 séculos; boa part... Foto: SANA via APMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Cartaz com o logo do Estado Islâmico em Palmira, na Síria, foi parcialmente destruído durante combate entre o Exécito de Bashar Assad e os jihadistas,... Foto: SANA via APMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Em árabe, banner removido pelo Exército sírio localizava o "Tribunal islâmico na Província de Homs", na qual está localizada a cidade de Palmira Foto: SANA
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Interior do Museu de Palmira, na Síria, praticamente todo destruído; imagens do local foram divulgadas nesta segunda-feira, 28, um dia depois de o Exé... Foto: SANA via APMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Dezenas de peças e artefatos históricos abrigadas pelo Museu de Palmira foram destruídos pelo Estado Islâmico; especialistas estimam ser necessários a... Foto: SANA via APMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Estátuas do Museu de Palmira, na região central da Síria, parcialmente destruídas; Unesco disse que Rússia ajudará Damasco a remover minas terrestres ... Foto: SANA via APMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Soldados sírios patrulham as ruas de Palmira depois de os combatentes do Estado Islâmico serem expulsos da histórica cidade no domingo, 27 Foto: SANA via AP
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Dois soldados leais ao presidente Bashar Assad fazem uma selfie em área residencial de Palmira depois de o Exército do país recuperar a cidade control... Foto: AFP PHOTO / Maher AL MOUNESMais
Cidade histórica de Palmira, na Síria, após a expulsão do EI
Soldados do governo sírio erguem suas armas em sinal de vitória após a batalha que expulsou os jihadistas do EI da cidade de Palmira Foto: SANA via AP
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Annie integra o grupo de especialistas constituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em 2013 sobre o patrimônio sírio.
"Quando ouço dizer que se vai reconstruir o templo de Bel, me parece ilusório. Não se pode reconstruir algo que se encontra em um estado de escombros e de pó. Construir o quê? Um templo novo? Talvez haja outras prioridades na Síria antes de reconstruir as ruínas", observa.
Além da cidadela do século XIII, arrasada durante os combates na cidade, os extremistas destruíram os templos de Bel e de Baal, assim como o Arco de Triunfo, algumas torres funerárias e o Leão de Al-Lat.
Conhecida como "a pérola do deserto", Palmyra tem mais de 2 mil anos de antiguidade e é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.
O responsável por Antiguidades e Museus da Síria disse na segunda-feira que serão necessários pelo menos cinco anos para reabilitar os monumentos destruídos ou danificados em Palmyra, ocupada pelos extremistas durante dez meses.
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"Se tivermos a aprovação da Unesco, serão necessários cinco anos para restaurar os imóveis destruídos e danificados pelo EI", declarou Maamun Abdelkarim. "Temos pessoal qualificado, temos conhecimento e estudo, mas é necessária a aprovação da Unesco, e poderemos começar os trabalhos em um ano", acrescentou.
"Também será necessário que a guerra acabe e o sítio seja protegido", afirma Annie. "Enquanto o Exército sírio estiver no interior, não estou tranquila. Não esqueçamos de que o Exército, que ocupou o lugar entre 2012 e 2015, causou muita destruição e saques", lembra a historiadora.
Templo em Palmyra, antes e depois de ser destruído pelo Estado Islâmico
1 / 13Templo em Palmyra, antes e depois de ser destruído pelo Estado Islâmico
Templo de Baal Shamin, em Palmira
Visão geral da antiga cidade de Palmyra, na Síria, antes de serdestruída por jihadistas do Estado Islâmico Foto: EFE / YOUSSEF BADAWI
Templo de Baal Shamin, em Palmira
Templo de Baal Shamin é visto ao fundoentrecolunas históricas Foto: AFP PHOTO / JOSEPH EID
Templo de Baal Shamin, em Palmira
O local reserva grandes relíquias arqueológicas Foto: AP
Palmyra
À esq., Tetrápilo, um monumento de 16 colunas erguido no fim do século III, no dia 6 de junho de 2016, quando a cidade estava sob controle sírio. À di... Foto: APMais
Templo de Baal Shamin, em Palmira
Pátio do santuário de Baal Shamin no antigo oásis de Palmyra Foto: AFP PHOTO / JOSEPH EID
Templo de Baal Shamin, em Palmira
Palmyra é patrimônio da Unesco pela riqueza de antiguidades que reserva Foto: AFP PHOTO / CHRISTOPHE CHARON
Templo de Baal Shamin, em Palmira
Visão geral da antiga cidade romana de Palmyra, ao norte de Damasco, na Síria Foto: AP
Explosão em templo de Baal Shamin
Imagem postada em rede social usada por jihadistas mostra o que seria a destruição do templo de Baal Shaminem Palmyra Foto: AP
Templo de Baal Shamin em Palmyra
Templo de BaalShamin, em Palmyra, foi destruído pelo Estado Islâmico Foto: AP
Explosivos usados em Palmyra
Imagem divulgada por jihadistas mostra explosivos que teriam sido usados em destruição do templo de BaalShamin, em Palmyra, na Síria Foto: AP
Destruição do templo Baal Shamin
Jihadistas do Estado Islâmico destruíramo templo Baal Shamin, em Palmyra, na Síria Foto: AFP
Destruição do templo Baal Shamin
Bombas foram colocadas pelo EI em templo de Palmyra Foto: AFP
Palmyra
À esq.,teatro romano,que data do século II, no dia6 de junho de 2016. À dir., mesmo local no dia 5 de fevereiro de 2017 Foto: AP
"Não nos enganemos. Não é porque retomamos Palmyra do Daesh (acrônimo do EI, em árabe) que a guerra terminou. Esta recuperação é uma operação política e midiática em relação à opinião pública do regime de Bashar Assad", completou.
Segundo Annie, que constantemente recebe novas fotografias e vídeos diretamente da região, "muitos vestígios têm de ser dados por perdidos".
Em um vídeo recebido na segunda-feira, vê-se pela primeira vez o interior do museu de Palmyra, transformado em tribunal pelo EI. De acordo com fotografias, "os personagens das tampas dos sarcófagos foram martelados, todas as estátuas foram derrubadas, decapitadas e quebradas", lamentou a especialista.
Típicas de Palmyra, as lápides "foram arrancadas de forma selvagem das paredes, provavelmente para serem vendidas pelo Daesh no mercado do arte", apontou. /AFP