HAIA, HOLANDA - Uma Corte de Apelação holandesa determinou nesta terça-feira, 27, que o Estado holandês é parcialmente responsável pela morte de 350 muçulmanos durante o massacre de Srebrenica em 1995 e ordenou o pagamento de uma indenização.
"A Corte considera que o Estado holandês atuou de maneira ilegal" e "condena o Estado a pagar uma indenização parcial" às famílias das vítimas, declarou o juiz Gepke Dulek.
O juiz acrescentou que os capacetes azuis holandeses facilitaram a separação de homens e garotos muçulmanos, "sabendo que havia um risco real de que teriam um tratamento desumano por parte dos sérvios da Bósnia".
Cerca de 8.000 homens e meninos muçulmanos foram mortos em 1995 durante o genocídio de Srebrenica, palco das piores atrocidades na Europa desde a 2ª Guerra. As tropas holandesas, conhecidas como "Dutchbat", entrincheiradas em sua base, haviam acolhido milhares de refugiados no enclave das Nações Unidas.
Mas, sob grande pressão, primeiro fecharam as portas aos novos recém-chegados e depois permitiram que os sérvios da Bósnia removessem os refugiados. Os homens e os meninos foram então separados e colocados em ônibus. "Dutchbat deveria ter alertado esses homens sobre os riscos que estavam correndo e deveria tê-los deixado escolher permanecer no enclave enquanto sua família era retirada", continuou o juiz.
No entanto, o Tribunal de Recurso condena o Estado holandês a pagar apenas 30% da indenização reclamada pelas famílias das vítimas, porque "não é certo que essas pessoas não seriam mortas mais tarde, mesmo que tivessem permanecido no enclave".
Um tribunal de primeira instância já havia decidido em 2014 que o Estado holandês era responsável pela morte desses 350 homens e meninos bósnios. O Estado holandês havia recorrido da sentença, dizendo que ninguém poderia ter previsto um genocídio.
Na Holanda, o papel dos ex-capacetes azuis continua causando polêmica. Mais de 200 deles também pedem indenização do governo por terem sido enviados a Srebrenica para "uma missão irrealista em circunstâncias impossíveis", segundo as palavras de Jeanine Hennis-Plasschaert, ministra da Defesa. / AFP