EUA aceleram deportações para deter fluxo de menores

Presidente Barack Obama diz a líderes de países da América Central que status de refugiados não cabe

PUBLICIDADE

Por CLÁUDIA TREVISAN , CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

Os Estados Unidos vão acelerar o processo de deportação de crianças da América Central, em uma tentativa de deter o aumento no número de menores desacompanhados que entram ilegalmente no país, disse ontem o presidente Barack Obama aos líderes de Honduras, El Salvador e Guatemala durante encontro na Casa Branca.Em declaração conjunta divulgada depois da reunião, os quatro presidentes anunciaram que pretendem elaborar um plano de ataque às causas da migração, entre as quais a violência e a ausência de oportunidades econômicas em países da América Central. Desde outubro, 57 mil crianças e adolescentes foram detidos depois de cruzar a fronteira com os EUA, o dobro dos casos registrados no ano anterior. A maioria vinha de Honduras, El Salvador, Guatemala e México."Nosso objetivo é criar as condições que permitam aos cidadãos da América Central viver em comunidades seguras com acesso à educação, empregos e oportunidades de avanços sociais e econômicos", disseram os presidentes na declaração.A expectativa de muitas famílias de que os menores consigam o status de refugiados nos EUA foi contida por Obama. Segundo ele, esse benefício é concedido sob critérios estritos, que não abrangem razões econômicas ou o fato de a pessoa viver em uma "má vizinhança" ou na pobreza."Pode haver algumas circunstâncias específicas nas quais uma família pode ser elegível para o status humanitário ou de refugiado", observou. Nesses casos, o pedido deve ser feito no país de origem e não depois de uma travessia "muito perigosa" da fronteira com os EUA. O aumento no número de menores que entram ilegalmente no país sobrecarregou a imigração americana e gerou uma crise. Grande parte dessas crianças e adolescentes está em abrigos temporários, à espera de audiências com juízes. Nos termos da lei aprovada em 2008 para combater o tráfico de crianças, elas só podem ser deportadas depois de seus casos serem analisados pelo Judiciário.Na véspera do encontro com Obama, os presidentes de Honduras, Juan Orlando Hernández, e da Guatemala, Otto Pérez Molina, afirmaram que os EUA também têm responsabilidade pela situação da América Central, por serem o maior consumidor das drogas que passam pela região e a principal fonte de armas e recursos usados pelas gangues locais.Molina defendeu a adoção de um programa semelhante ao Plano Colômbia, no valor de US$ 2 bilhões, enquanto Hernández criticou a Iniciativa de Segurança para a América Central (Carsi, na sigla em inglês), anunciada pelos EUA em 2008.Em documento divulgado depois do encontro, a Casa Branca disse que o governo americano vai liberar US$ 161,5 milhões este ano no âmbito do Carsi e mais US$ 130 milhões em ajuda bilateral a Honduras, El Salvador e Guatemala.Outros US$ 300 milhões em ajuda emergencial foram pedidos ao Congresso há pouco mais de duas semanas. O presidente solicitou US$ 3,7 bilhões para enfrentar a crise.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.