EUA apoiam cúpula para negociar fim do programa nuclear da Coreia do Norte

Governo sul-coreano anuncia que funcionários de alto escalão dos dois países se encontrarão em abril; presidente americano, Donald Trump, elogia esforço diplomático entre velhos inimigos

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Por Redação
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SEUL - Após meses de tensão entre as Coreias, a aproximação entre os dois países, iniciada nos Jogos Olímpicos de Inverno, parece ter dado os primeiros resultados. O presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu nesta terça-feira “avanços” no diálogo com o regime norte-coreano e elogiou o esforço diplomático. As declarações de Trump foram dadas horas depois de o governo sul-coreano anunciar uma cúpula com a Coreia do Norte em abril. 

Kim Jong-un recebe delegação da Coreia do Sul em Pyongyang Foto: NYT

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De acordo com informações de Seul, o regime norte-coreano manifestou disposição de conversar com os EUA a respeito da desnuclearização do país, caso seja garantida a segurança do regime. Ainda segundo os sul-coreanos, que passaram dois dias reunidos com Kim Jong-un, a Coreia do Norte também afirmou que suspenderá os testes nucleares e de mísseis durante as negociações.

O aparente recuo da Coreia do Norte pode ser considerado a primeira vitória da política externa de Trump. Alguns especialistas dizem que a “abordagem maluca” de Trump com relação à Coreia do Norte – além das sanções impostas por seu governo – pode ter levado o regime de Pyongyang a mudar de posição e considerar a possibilidade de desnuclearização. Trump e Kim trocaram insultos e ameaças de guerra em meio às promessas da Coreia do Norte de jamais abdicar de seu programa nuclear. 

“Ele merece crédito”, disse Iam Bremmer, diretor do Eurasia Group e crítico de Trump. “Acho que a participação da Coreia do Norte nos Jogos Olímpicos, o encontro de Kim com os sul-coreanos e as possíveis conversações diretas com os EUA são resultado da abordagem de Trump.” 

Antes dos Jogos de Inverno, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse que Trump ajudou a abrir a porta para a participação de atletas norte-coreanos. No entanto, Bremmer e outros analistas destacam que a abordagem de Trump pode ser tanto bem-sucedida quanto profundamente arriscada.

O encontro, que significaria a terceira cúpula da história entre as duas Coreias, será realizado na aldeia de Panmunjom, na fronteira entre os dois países. A Coreia do Norte não impôs nenhuma precondição para se sentar à mesa de negociações, mas ressaltou que quer “ser tratada de forma séria”, disse o líder da delegação sul-coreana, Chung Eui-yong. As Coreias também concordaram em criar uma linha direta de comunicação entre seus dois líderes “para permitir um diálogo e a redução das tensões militares”. 

“O Norte expressou claramente seu compromisso com a desnuclearização da Península Coreana e disse que não teria nenhuma razão para possuir armas nucleares se a segurança do regime for garantida e as ameaças militares contra a Coreia do Norte, eliminadas”, disse Chung. 

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A viagem da delegação sul-coreana a Pyongyang foi uma resposta à histórica visita de Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano, à Coreia do Sul, em fevereiro, durante a Olimpíada de Inverno. Em um dos encontros com Moon, a irmã do líder norte-coreano fez o convite para uma reunião com Kim Jong-un em Pyongyang. / W.POST, REUTERS e EFE

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