PUBLICIDADE

EUA apoiam 'Iraque unido' após referendo de independência no Curdistão

Departamento de Estado americano diz que buscará para ajudar 'no marco da Constituição' do país; governo da Síria admite negociar autonomia dos curdos em seu território e Turquia alerta para risco de 'guerra étnica e religiosa'

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O governo dos Estados Unidos expressou seu apoio por um Iraque unido após o referendo de independência realizado no Curdistão iraquiano na segunda-feira, ao qual Washington tinha manifestado sua oposição.

"Os Estados Unidos apoiam um Iraque unido, federal, democrático e próspero e seguirão buscando oportunidades para ajudar os iraquianos a cumprir suas aspirações no marco da Constituição", afirmou em um comunicado o Departamento de Estado americano. Além disso, Washington demonstrou sua oposição a "violência ou movimentos unilaterais de qualquer parte para alterar as fronteiras".

Bandeiras iraquiana (D) e curda lado a lado na cidade de Kirkuk; região aguarda resultado de referendo de independência Foto: AFP PHOTO / AHMAD AL-RUBAYE

PUBLICIDADE

Apesar de mostrar uma "grande decepção" pela decisão do governo regional do Curdistão, presidido por Masud Barzani, de fazer o referendo apesar de sua oposição, Washington disse que manterá a histórica aliança que lhes uniu até agora.

"A histórica relação entre os EUA e o povo da região do Curdistão iraquiano não mudará em razão do referendo não vinculativo, mas acreditamos que este passo aumentará a instabilidade e as dificuldades para a região e sua gente", apontou o Departamento de Estado americano no comunicado.

Os EUAdisseram ainda que "todas as partes deveriam comprometer-se a manter um diálogo construtivo para melhorar o futuro de todos os iraquianos, mas advertiu ao Curdistão que o referendo "complicará enormemente" sua relação com Bagdá e com os países vizinhos.

Washington e outras potências ocidentais como França, Alemanha e Reino Unido se opunham à realização do referendo por considerarem que a unidade do Iraque é fundamental para derrotar o Estado Islâmico (EI). No comunicado, os Estados Unidos advertiram precisamente que "grupos extremistas" como o EI pretendem "explorar a instabilidade e a discórdia" criada pelo referendo.

Mais de 5,3 milhões de curdos foram convocados a responder à pergunta: "Você quer que a região do Curdistão e as áreas curdas fora da administração da região se transformem em um Estado independente?"

Publicidade

Reações

O governo sírio está disposto a discutir a autonomia com os curdos da Síria, afirmou nesta terça-feira, 26, o ministro das Relações Exteriores Walid Muallem, que, ao mesmo tempo, rejeitou categoricamente a possibilidade de um referendo de independência similar ao realizado no Iraque.

É a primeira vez que um dirigente do governo sírio evoca abertamente a ideia de autonomia dos curdos sírios, que representam cerca de 15% da população. Desde o início da guerra civil em 2011, os curdos estabeleceram uma administração semiautônoma nos territórios que controlam.

"Os curdos sírios querem uma forma de autonomia dentro da República Árabe Síria. Essa questão é negociável e pode dar lugar a um diálogo", declarou Muallem em uma entrevista à emissora Russia Today, reproduzida pela agência oficial síria Sana.

PUBLICIDADE

"Depois que tivermos vencido o Daesh, podemos nos sentar com os irmãos sírios e chegarmos a um acordo em torno de uma fórmula para o futuro", acrescentou, referindo-se à guerra contra o grupo Estado Islâmico (EI) e seu nome em árabe.

Com relação ao referendo no Curdistão iraquiano, o ministro disse que "se trata de um referendo separatista e isso é totalmente inaceitável". "Somos favoráveis à unidade do Iraque", reiterou Muallem. 

Além da Síria, a Turquia também reagiu nesta terça à votação no Iraque. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, advertiu para o risco de uma "guerra étnica e religiosa" se o Curdistão iraquiano concretizar seu projeto de independência.

Publicidade

"Se Barzani e o governo regional do Curdistão retificarem rapidamente este erro, entrarão para a história com a ignomínia de ter levado nossa região a uma guerra étnica e religiosa", afirmou Erdogan em um discurso exibido na televisão. / EFE e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.