EUA cobram Colômbia por aumento no cultivo de coca; plantio cresce 52%

Secretário de Estado americano, Rex Tillerson, se reúne com autoridades em Bogotá em meio a críticas ao retrocesso do governo colombiano na implementação de programas de erradicação e de combate ao tráfico

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BOGOTÁ - O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, chegou a Bogotá na terça-feira, dia 6, para se encontrar com autoridades locais e cobrar medidas mais firmes da Colômbia para combater o retrocesso do país na luta contra o tráfico de drogas, principalmente a cocaína. 

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A Colômbia é considerada um “parceiro estratégico” dos Estados Unidos no combate às drogas, mas, desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, a relação entre os países está estremecida. Segundo um relatório divulgado no ano passado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a área de plantio de coca na Colômbia cresceu para 146 mil hectares, aumento de 52% só em 2016, o que representa um retorno aos níveis de 2001. 

Secretário de Estado americano, Rex Tillerson, cumprimenta o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, em Lima Foto: REUTERS/Guadalupe Pardo

Na sexta-feira, Trump ameaçou cortar ajuda financeira a países que não consigam impedir o envio de drogas aos EUA. Ele pediu à Colômbia que faça “todo o possível” para eliminar o tráfico de drogas e advertiu sobre possíveis “problemas bilaterais” se o aumento das plantações não for interrompido. Também ameaçou incluir a Colômbia em uma lista, que inclui Venezuela e Bolívia, por não cumprir seus compromissos internacionais no combate ao narcotráfico. 

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Na reunião entre Tillerson e o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, o líder colombiano prometeu erradicar 115 mil hectares de plantações ilegais até o fim do ano, e disse ter assinado acordos com 124 mil famílias que, juntas, tem mais de 90 mil hectares de plantações ilegais, para fazer a substituição do cultivo. 

Venezuela. No encontro, Santos também criticou o chavismo. “Compartilhamos com o secretário Tillerson a preocupação com a crise na Venezuela”. Segundo Santos, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro “nunca aceitará disputar uma eleição livre e transparente, porque sabe que vai perder”. “É urgente restaurar o canal democrático na Venezuela, porque são os cidadãos que sofrem com a ditadura.”

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Em outra etapa de sua visita a cinco países latino-americanos, iniciada na quinta-feira, Tillerson se encontrou com o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, na terça-feira, dia 6, em Lima, antes de viajar para a Colômbia. No encontro, Tillerson elogiou a liderança do Peru e o papel do Grupo de Lima na busca por uma solução regional para a crise que afeta a Venezuela. “Os Estados Unidos apreciam a liderança do Peru na região e, em particular, o papel muito importante desempenhado pelo Grupo de Lima ante a terrível destruição dos processos democráticos na Venezuela”, disse Tillerson à imprensa após uma reunião a portas fechadas com o presidente peruano.

O Grupo de Lima é integrado por Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia, que analisam a crise na Venezuela. 

O grupo se tornou o principal contraponto latino-americano ao chavismo e aos países bolivarianos. Tillerson destacou que teve “uma troca muito boa acerca do que se pode fazer para que a Venezuela volte à sua Constituição e à regularidade democrática” com o líder peruano. Os americanos têm cogitado sanções ao petróleo venezuelano.

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A Cúpula das Américas, que vai reunir líderes de governo dos 35 países das Américas, acontecerá em Lima, no Peru, entre 13 e 14 de abril. O tema da cúpula é “a governabilidade democrática frente à corrupção”.

No encontro, Donald Trump e Nicolás Maduro podem ficar frente a frente. Nesta terça-feira, dia 6, o presidente da Venezuela confirmou a presença no evento para “defender a soberania da nossa América Latina e do Caribe, e para se reunir com o combativo povo do Peru”, afirmou em nota a chancelaria da Venezuela. Líderes políticos peruanos já organizam protestos para receber Maduro. / EFE e AP

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