EUA condenam falta de 'liberdade e imparcialidade' de eleições na Venezuela 

Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) também criticou o processo

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Por Cláudia Trevisan , Correspondente e Washington 
Atualização:

Os EUA condenaram nesta segunda-feira, 16, a falta de “liberdade e imparcialidade” das eleições para governador na Venezuela, nas quais aliados do presidente Nicolás Maduro venceram 17 das 23 cadeiras em disputa. “A voz do povo venezuelano não foi ouvida”, disse em nota a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert.

Venezuelanos enfrentam fila para votar nas eleições de 15 de outubro. Foto: Miguel Gutiérrez/EFE

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Fontes disseram ao Estado que a expectativa da administração Donald Trump era a de que a oposição venceria a maioria das eleições regionais, como indicavam pesquisas de opinião. Os americanos atribuíram o resultado distinto a decisões que colocaram em dúvida a lisura do pleito: ausência de obervadores internacionais independentes, mudanças de locais de votação sem aviso prévio, manipulação do desenho das cédulas eleitorais, oferta limitada de máquinas de votação em áreas oposicionistas e falta de auditoria técnica no sistema de tabulação dos votos.

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Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) também criticou o processo. “Hoje, nós teríamos gostado de parabenizar os ganhadores e de celebrar a realização de uma festa cívica. Entretanto, temos que expressar o ceticismo e denunciar a falta de garantias que são recorrentes em atos eleitorais realizados por ditaduras”, disse Almagro.

"Não se pode reconhecer os resultados de uma eleição em um país no qual não existem garantias para o exercício efetivo da democracia.”

O presidente do Interamerican Dialogue, Michael Shifter, disse que a grande disparidade entre as pesquisas eleitorais e os resultados da disputa é uma indicação de que as eleições não foram livres nem imparciais. Para ele, os números não refletem a vontade da população. “Eu acredito que isso aprofundará a polarização.”

Jason Marczak, diretor de América Latina do Atlantic Council, afirmou que o pleito amentou a incerteza na Venezuela. “Todo o processo eleitoral foi cheio de inconsistências e manipulação por parte do governo Maduro”, afirmou. Em sua opinião, as principais perguntas agora são como a oposição conseguirá aproveitar o momento para mobilizar seus seguidores e qual será a reação da comunidade internacional.

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