EUA diz que operação na Líbia teve sucesso e que deverá entregar controle nos próximos dias

Prédio do complexo residencial de Khadafi é atingido por míssel; Pentágono diz que mais países se juntarão à coalizão.

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Por BBC Brasil
Atualização:

EUA quer entregar comando da missão a outros países em breve Os Estados Unidos disseram neste domingo que a ofensiva militar na Líbia fez progressos significativos, e que a coalizão deve ampliar o alcance dos ataques. Mas o secretário de Defesa americano, Robert Gates, disse que o país não terá um papel de destaque na coalizão e que, em alguns dias, entregará o controle da missão a outros países. Segundo relatos, um míssel causou danos extensivos no complexo onde vive o coronel Khadafi, em Trípoli, capital da Líbia. Forças da coalizão de países ocidentais continuam a operação militar para estabelecer a zona de exclusão aérea no país, determinada pela ONU na última quinta-feira. Jornalistas que foram levados ao complexo de Khadafi, na região de Bab al-Aziziya, disseram que um edifício administrativo de quatro andares foi destruído. Não há relatos de fatalidades. O Pentágono disse que, até o momento, as forças da coalizão atingiram locais de armazenamento de mísseis de longo alcance, instalações de radar, campos de aviação militares e forças terrestres do governo nos arredores da cidade de Benghazi, controlada pelos rebeldes. No entanto, oficiais de defesa americanos negam que a residência de Khadafi em Trípoli seja alvo de ataques. Em pronunciamento, Robert Gates disse que os Estados Unidos esperam ceder o controle da operação na Líbia a uma coalizão entre Grã-Bretanha e França ou às forças da OTAN. Segundo o porta-voz do Pentágono, vice-almirante Bill Gortney, mais países enviaram aviões para a operação militar, incluindo Espanha, Bélgica, Dinamarca e Catar. Cessar-fogo Prédio administrativo do governo foi destruído por um míssel em Trípoli O governo anunciou neste domingo que as forças armadas do país receberam a ordem de cessar-fogo imediatamente. O porta-voz do Escritório de Imprensa Internacional da Líbia, Musad Ibrahim, anunciou o cessar-fogo para jornalistas da imprensa internacional. "As forças armadas emitiram sua ordem para todas as unidades militares da Líbia para salvaguardar um cessar-fogo imediato em toda a Líbia, começando às nove horas da noite deste domingo", disse. Mais cedo, um porta-voz do governo chamou os cidadãos a participarem de uma marcha pela paz que sairá de Trípoli com destino a Benghazi na televisão estatal do país. No entanto, a Casa Branca disse que não reconhece o cessar-fogo mais recente anunciado pelo governo líbio, e que continuará impondo a resolução da ONU. O conselheiro de segurança do governo americano Tom Donilon, que acompanha o presidente Obama em visita ao Brasil, disse a jornalistas no Rio de Janeiro que o cessar-fogo "não é verdadeiro, ou foi violado imediatamente". Segundo Donilon, Obama conversou com rei Abdullah, da Jordânia, sobre a Líbia e os dois líderes concordaram sobre a necessidade de uma coalizão de forças ainda maior agindo contra o governo de Khadafi. O secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse esperar que o exército líbio "mantenha sua palavra" sobre um novo cessar-fogo. Ofensiva No segundo dia da operação, a França diz que 15 de seus aviões de guerra fizeram patrulhas no espaço aéreo do país sem encontrar resistência. Pelo menos 20 posições de defesa aérea foram alvejadas na capital, Trípoli, e na cidade de Misrata, no oeste, por aviões e navios de guerra americanos e britânicos. O vice-almirante Bill Gortney, porta-voz militar do Pentágono, disse na tarde deste domingo que os bombardeios de sábado foram "muito eficientes". "Acreditamos que as forças de Khadafi estão isoladas e bastante confusas", disse. O governo líbio diz que 64 pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas nos bombardeiros, mas a informação não foi verificada por uma fonte independente. No entanto, o Pentágono afirma que ainda não há evidências de que o ataque do último sábado tenha ferido civis líbios. O governo russo disse, também neste domingo, que houve morte de civis, e pediu que os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França interrompam o "uso indiscriminado de força". Em pronunciamento semanal na Venezuela, o presidente Hugo Chávez disse que o bombardeio da Líbia é uma "loucura imperial" em busca do petróleo e sugeriu que outros países tentem negociar um cessar-fogo. O presidente equatoriano Rafael Correa também condenou o ataque. `Mal-entendido' Em entrevista à rede de TV americana ABC neste domingo, o filho do coronel Khadafi, Saif al Islam, disse que o ocidente não compreendeu o que está acontecendo na Líbia. Ele disse que os rebeldes em Benghazi eram mafiosos e terroristas e que os habitantes da cidade estão tentando liberá-la do seu controle. "Há um grande mal-entendido. Todo o país está unido contra a milícia armada e os terroristas", disse. Aviões da coalizão continuam a bombardear alvos militares líbios A ação militar na Líbia começou no fim da tarde do sábado, quando caças franceses Rafale atacaram tanques e veículos militares blindados das forças do governo. O objetivo da ofensiva é impor a resolução 1.973, aprovada na última quinta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, que estabelece uma zona de exclusão aérea na Líbia para proteger os civis de bombardeios por parte do governo. A medida autoriza os Estados membros a tomar "todas as medidas necessárias" para efeito de proteção, excluindo a possibilidade de envio de forças de ocupação estrangeiras. Segundo oficiais da ONU, mais de 3.800 refugiados cruzaram a fronteira da Líbia com o Egito no último sábado, um aumento de 70% nos números vistos recentemente. Um porta-voz do movimento rebelde da Líbia disse ao canal de TV árabe Al-Jazeera que mais de 8 mil ativistas anti-Khadafi foram mortos desde o início dos protestos no país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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