EUA preparam 2ª fase e Taleban convoca resistência

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Por Agencia Estado
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Os bombardeios mais violentos desde o início dos ataques norte-americanos sacudiram hoje o Afeganistão, enquanto Washington se prepara para dar início à segunda fase da guerra com o envio de tropas terrestres para combater o Taleban. O governo de Cabul, no quarto dia da ofensiva aliada, advertiu que sua infra-estrutura não foi destruída e denunciou a morte de 76 civis em decorrência dos ataques, mas esclareceu que o líder do regime, mulá Mohammed Omar, e o milionário saudita Osama bin Laden continuam sãos e salvos. Durante uma jornada na qual se registraram os maiores bombardeios contra Cabul e Kandahar, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, distribuiu uma lista de 22 supostos terroristas procurados pelo FBI. Os aliados atacaram Cabul e Kandahar - capital espiritual do Taleban - em diversas ocasiões nesta quarta-feira. Durante a noite, as duas cidades estavam sob ataque e a artilharia antiaérea do Taleban estava em ação. Fontes do Pentágono informaram à CNN que "diversos líderes do Taleban morreram nos ataques de hoje". A artilharia da Aliança do Norte, coalizão de grupos anti-Taleban, também participou da ofensiva, a 30 quilômetros de Cabul. Fontes do Pentágono informaram que os ataques desta noite foram os mais violentos contra Cabul e Kandahar desde o início da Operação Liberdade Duradoura. A primeira fase poderia ser concretizada nas próximas horas, pois os aviões B-1 e B-2, ao lado dos mísseis de cruzeiro Tomahawk, lançados de navios estacionados no Mar da Arábia, destruíram grande parte da escassa infra-estrutura do Taleban, principalmente no setor de aviação militar. Também foram destruídos supostos campos de treinamento de terroristas do grupo Al-Qaeda, organização liderada por Bin Laden. As fontes disseram que a segunda fase já está pronta. Trata-se de embarcar nos aviões bombas laser de 2.500 quilos conhecidas como "bunkerbusters", ou destruidoras de bunkers, e bombas de fragmentação, que disseminam munições numa ação centrífuga. Mas a principal ação dos aliados estará relacionada com as incursões de helicópteros de ataque e o transporte de comandos do Exército para enfrentar o Taleban e os combatentes de Bin Laden. Os helicópteros UH-60, Blackhawk (que transportam até 14 pessoas), deverão voar baixo, já que são lentos e altamente vulneráveis à defesa antiaérea Taleban. Segundo os planos do Pentágono, os helicópteros rápidos AH-64 Apache terão de protegê-los do fogo inimigo. O chefe de Estado Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Richard Myers, e o chefe do Pentágono, Donald H. Rumsfeld, informaram sobre a destruição da rede de comunicações do regime Taleban e da Al-Qaeda. Porta-vozes militares informaram que a destruição das comunicações terrestres no Afeganistão obrigou os talebans a utilizarem telefone celular e rádio, o que facilita a interceptação de mensagens pelos comandos da "guerra eletrônica". Ao mesmo tempo, o governo dos Estados Unidos advertiu às redes de notícias sobre o perigo de transmitirem discursos dos líderes da Al-Qaeda porque poderiam conter mensagens cifradas. A comunicação foi feita à imprensa pela conselheira de Segurança Nacional de Bush, Condoleezza Rice. Os discursos foram transmitidos pela tevê Al-Jazeera, do Catar. Em Peshawar, cidade paquistanesa próxima da fronteira afegã, a BBC em língua pashtun divulgou um entrevista de Omar na qual ele pede a "todos os muçulmanos que decidam se estão com o Islã ou com os Estados Unidos". Ele também enviou uma mensagem à Aliança do Norte, o grupo de usbeques, tadjiques, xiitas, ex-mujaheden e ex-paramilitares pró-soviéticos que luta internamente desde o começo dos anos 90 contra o Taleban. "Não permitiremos que ninguém se aproveite dos ataques contra o Afeganistão", disse Omar. Em Islamabad, a Afghan Islamic Press (AIP), próxima ao regime taleban, divulgou um informe no qual o governo de Cabul sustenta que sua infra-estrutura antiaérea não foi destruída, apesar de reconhecer que é difícil atingir mísseis e aviões que voam muito acima do alcance de seu material bélico. De Cabul, o ministro da Educação taleban, Amir Khan Muttaqi, afirmou que Bin Laden pode continuar fazendo declarações desde seu esconderijo, mas ele não pode usar o território afegão para lançar ataques contra outros países. Numa medida inédita, o ministro disse que "agora rege uma proibição a Osama para que utilize o território afegão para lançar ações contra qualquer país estrangeiro". Enquanto isso, e um dia depois que um bombardeio matou quatro funcionários da ONU em Cabul, o êxodo de refugiados afegãos continua em direção ao Paquistão. Dirigentes da milícia disseram que o "povo" está queimando as caixas de comida lançadas pelos aviões anglo-americanos junto com as bombas. Refugiados recém-chegados do Afeganistão disseram à ANSA que, ao contrário, são os talebans que impedem à força que o "povo" pegue as caixas e as queimam. Leia o especial

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