PUBLICIDADE

EUA respondem à Venezuela na OEA

Representante do governo americano afirma que não há intenção de intervir militarmente no país sul-americano, como acusa Caracas

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

WASHINGTON - Venezuela e EUA enfrentaram-se ontem na Organização dos Estados Americanos (OEA), onde Caracas fez um "alerta” contra a suposta intenção de Washington de intervir no país e se apoderar de suas reservas de petróleo, ao que o representante americano respondeu com a declaração de que seu governo não “está preparando uma invasão milita” nem busca derrubar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

PUBLICIDADE

A origem do embate é a ordem executiva do presidente Barack Obama que classificou a Venezuela como uma ameaça à segurança nacional e impôs sanções a sete autoridades acusadas de violação dos direitos humanos e corrupção.

A ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, disse na sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA que medidas desse tipo "costumam preceder invasões militares" e podem levar a embargos financeiros, comerciais e econômicos. O encontro foi convocado a pedido de Caracas.

Michael J. Fitzpatrick, representante dos EUA, rechaçou a acusação e afirmou que a classificação de um país como uma ameaça à segurança nacional é um requisito da lei para a imposição de sanções. "Nós não estamos preparando uma invasão militar. Nós não procuramos desestabilizar ou derrubar o governo Maduro em um golpe de Estado. Nós não participamos de uma conspiração internacional para prejudicar a economia ou o povo venezuelano."

Fitzpatrick observou que a mesma linguagem foi usada em inúmeros atos executivos nos últimos 40 anos, em situações diversas como o enfraquecimento de instituições democráticas na Bielo-Rússia e no Zimbábue e o tráfico de drogas na Colômbia e no México. Segundo ele, em nenhum desses casos, as medidas foram o "prelúdio de uma invasão".

O representante americano na OEA, Michael J. Fitzpatrick, disse que não há intenção dos EUA em intervir na Venezuela. Ele observou que a linguagem utilizada para impôr sanções contra sete venezuelanos já foi usadacontra aBielo-Rússia e no Zimbábue e o tráfico de drogas na Colômbia e no México Foto: AP Photo/Jose Luis Magana

O americano ressaltou que a imposição de sanções não representa uma interferência em assuntos internos da Venezuela, mas é o exercício de um poder soberano de seu país de decidir quem pode entrar em seu território e ter transações com seu sistema financeiro.

As sete pessoas atingidas pela medida estão proibidas de entrar nos Estados Unidos. Eventuais bens que tenham no país seriam congelados.

Publicidade

A maioria dos 34 integrantes da OEA criticou a linguagem da ordem executiva e pediu sua revogação. Muitos também manifestaram preocupação com o crescente embate entre EUA e Venezuela e defenderam o diálogo para solucionar as divergências entre os dois países.

Quase todos disseram que o conflito não deve desviar a atenção dos temas centrais da Cúpula das Américas, que em menos de um mês reunirá pela primeira vez os líderes de todos os países do continente entre os quais, Cuba. Os EUA têm intenção de usar o encontro para discutir a situação da Venezuela, assunto que tem sido tratado no âmbito da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

Itamaraty. O representante do Brasil na OEA, Breno Dias da Costa, disse que a linguagem usada na ordem executiva de Obama não "contribuiu para o diálogo respeitoso "defendido por países da região e deu margem a interpretações equivocadas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.