Funcionários do governo americano disseram ontem que o atentado frustrado com um carro-bomba na Times Square, em Nova York, no sábado à noite, parece ter sido coordenado por várias pessoas em um complô internacional. Pela primeira vez, a Casa Branca descreveu o caso como um "ataque terrorista".
"Sobre qualquer um que tenha o tipo de material que eles tinham num carro na Times Square, eu diria que a intenção era a de aterrorizar, com certeza", disse Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca. "E eu diria ainda que qualquer um que fez aquilo deve, sim, ser qualificado como terrorista."
Investigadores da polícia de Nova York e do FBI interrogaram o ex-proprietário do carro-bomba deixado no local. A identidade do último dono da Nissan Pathfinder não foi revelada. De acordo com The New York Times, ele não é considerado suspeito, pois teria vendido o carro recentemente. Os detetives agora procuram o comprador, que teria, de acordo com o ex-proprietário do carro, a aparência de um "latino" ou de alguém do "Oriente Médio". O veículo está sendo vasculhado por uma equipe de peritos, que procura por digitais e traços de DNA.
A polícia também não identificou quem dirigia o carro quando ele foi abandonado entre a Rua 45 e a 7.ª Avenida, mas fontes ligadas à investigação disseram que aumenta a cada dia as suspeitas de envolvimento de estrangeiros.
Em um vídeo de um minuto, divulgado ontem, uma facção paquistanesa do Taleban reivindicou a autoria do ataque, que seria uma "vingança" pela morte de seus líderes Baitullah Mehsud, Abu al-Baghdadi e Abu Ayyub al-Masri.
Mas o governo americano não acredita que a organização, que tem ligação com a Al-Qaeda, esteja por trás do caso. "Não há prova de que o caso esteja ligado à Al-Qaeda ou a qualquer outra grande organização terrorista", afirmou o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.
O principal suspeito ainda é um homem branco, na faixa dos 40 anos, flagrado por câmeras de segurança. As imagens, divulgadas na noite de domingo, mostram o homem abandonando o carro, olhando algumas vezes para trás e, em seguida, trocando de camiseta. No entanto, Bloomberg e Raymond Kelly, chefe de polícia, foram cautelosos ao comentar as imagens. "Ele pode ser inocente", disse Kelly.
O secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, mostrou mais otimismo e disse ontem que os detetives obtiveram um "progresso substancial" nas investigações. "Temos algumas boas indicações", afirmou o secretário, referindo-se à análise de imagens de circuito interno de TV.
O presidente Barack Obama prometeu prender os responsáveis pelo atentado. "As equipes de segurança nacional já cumpriram as etapas necessárias para garantir que todas as agências, locais e estaduais, tenham total apoio e cooperação do governo federal", disse. "Faremos o que for necessário para proteger os americanos e determinar quem está por trás do ataque."
A polícia de Nova York continua investigando a possibilidade de o carro-bomba ter tido como alvo a Viacom, companhia que produz a série animada South Park. Em abril, os criadores do seriado receberam ameaças por ter levado ao ar um episódio no qual o Profeta Maomé aparece fantasiado de urso. O veículo estava estacionado a poucos metros da sede da empresa. / NYT, WP, REUTERS e AP