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Eugene De Kock, o 'mal maior'

Responsável por mais de 100 crimes na época do apartheid, policial cumpria pena de prisão na África do Sul

Atualização:
Em foto de arquivo de 1999, de Kock participa de audiência na Justiça sul-africana Foto: Juda Ngwenya / Reuters

Conhecido na África do Sul como o assassino número 1 do apartheid, Eugene De Kock recebeu o apelido de "Prime Evil" (demônio ou mal maior, em tradução livre) na mídia local por ser responsável por mais de 100 crimes de assassinato, tortura, sequestro, agressão e fraude.

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Policial militar de formação, em 1983 De Kock começou a trabalhar em uma divisão das forças de segurança conhecida como Vlakplaas. O nome tem origem na fazenda homônima a 20 km de Petroria que servia de quartel para a unidade da polícia de contrainsurgência C10 (mais tarde chamada de C1) comandada por Dirk Coetzee e, depois, por De Kock.

Dois anos mais tarde tomou controle dessa unidade secreta da polícia sul-africana, que sob sua responsabilidade cometeu atrocidades para reprimir a dissidência, e pelas quais cumpria até esta sexta-feira, 30, pena na prisão central de Pretoria.

As acusações contra De Kock surgiram antes mesmo de a África do Sul estabelecer a Comissão para a Verdade e Reconciliação, em 1995.

Nos anos de 1997 e 1998, De Kock declarou à comissão responsável por apurar e esclarecer violações cometidas no regime do apartheid que revelaria informações sobre os crimes cometidos em troca de anistia. Em seus depoimentos, ele descreveu assassinatos de diversos membros do Congresso Nacional Africano, inclusive em países como Lesoto, Suazilândia, Zimbábue e Angola. As ações, segundo ele, eram ordenadas pelo comando policial acima dele.

Em uma entrevista concedida a uma rádio em 2007 quando estava preso, De Kock acusou o ex-presidente Frederik Willem de Klerk (1989-1994) de ter "sangue em suas mãos" por ter encomendado assassinatos específicos no período do apartheid. O ex-presidente, também ex-líder do Partido Nacional, negou as acusações e disse que sua consciência estava limpa.

De Kock foi preso em 1994 e condenado à prisão perpétua em 1996. Durante o tempo em que esteve na prisão, pediu perdão a parentes das vítimas.

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A decisão da Justiça de libertá-lo ocorre depois de ele ter ajudado autoridades a localizar corpos de ativistas desaparecidos durante o apartheid.

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