Europa deve ajudar na paz no Oriente Médio, diz ex-ministro de Israel

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Por Agencia Estado
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As negociações entre Israel e os palestinos não deveriam ser promovidas apenas pelos Estados Unidos e precisam de uma participação mais ativa da União Européia, disse o ex-ministro da Justiça de Israel Yossi Beilin defendeu, em entrevista à Agência Estado. Para ele, Bruxelas deveria convocar as duas partes para uma conferência como a que ocorreu há 10 anos em Madrid e que, pelo menos por algum tempo, trouxe a esperança de que a paz poderia ser possível entre israelenses e palestinos. "A Europa está cometendo um erro ao não pressionar por uma conferência que pudesse lançar novas negociações. Isso poderia ajudar muito a evitar os conflitos", afirma Beilin, que foi o principal negociador israelense no acordo de Oslo, de 1994, e hoje ocupa uma cadeira no Parlamento. Segundo ele, a sugestão já foi feita para que os europeus promovessem uma espécie de "Madrid II", mas por enquanto nenhuma decisão política foi tomada. "Amanhã, vamos celebrar os 10 anos do acordo de Madrid e infelizmente nada ocorreu", disse. Beilin lembra que os Estados Unidos mudaram sua política para o Oriente Médio de forma significativa desde os ataques terroristas no dia 11 de setembro. "O envolvimento de Washington no conflito entre israelenses e palestinos caiu muito desde que a crise internacional começou", afirmou. Por essa razão, ele acredita que a participação européia seria ainda mais importante. Yossi Beilin critica a ocupação promovida pelo primeiro-ministro Ariel Sharon das zonas controladas pelos palestinos como resposta ao assassinato de um de um ministro. "Sharon foi longe demais e assim vai acabar perdendo legitimidade", disse Beilin, alertando que o objetivo do premiê é enfraquecer o líder da Autoridade Palestina, Yasser Arafat. Diante da situação, o ex-ministro pede que o Partido Trabalhista se retire do governo de Sharon. "Nossa participação acaba legitimando e fortalecendo Sharon e seu partido politicamente. Não posso concordar em fazer parte de um partido racista", afirmou Beilin. Ele ainda pede que Shimon Peres, chanceler e representante do Partido Trabalhista no atual governo, abandone Sharon "imediatamente". Hoje, Beilin, parlamentares israelenses e membros da Autoridade Palestina publicaram uma declaração nos jornais de Israel e da Palestina pedindo que a ocupação termine e que Sharon volte a negociar um acordo de paz. "O papel dos palestinos é acabar com o terrorismo, mas o nosso (israelenses) é nos retiramos das zonas palestinas", afirmou o ex-ministro.

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