Europa inicia o ano tentando evitar novos ataques terroristas

Munique fecha estações de trem em alerta e França revive tensão após homem tentar atropelar seguranças

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Por Jamil Chade , CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:

GENEBRA - A Europa começa 2016 sob a ameaça terrorista, mas com a constatação de que o inimigo é evasivo e nem sempre pode ser encontrado. Faltando poucos minutos para a virada do ano, em Munique, um tuíte da polícia local alertava sobre um “ataque iminente” durante as comemorações. Nesta sexta-feira, 1.º, na cidade francesa de Valence, um carro avançou sobre soldados que faziam a segurança de uma mesquita, resultando em um tiroteio. 

Em várias partes da Europa, fogos de artifício foram cancelados e praças foram fechadas. Milhares de soldados e policiais foram às ruas. Em Paris, a Champs-Élysées registrou um número inferior de participantes na festa de ano-novo e, para este fim de semana, os hotéis da capital estão com uma taxa de ocupação 40% abaixo em comparação ao mesmo período do ano passado. 

Munique tem segurança reforçada no primeiro dia do ano Foto: REUTERS/Michaela Rehle

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As operações têm demonstrado a dificuldade na luta contra o terrorismo. Nesta sexta, Bruxelas anunciou ter libertado três pessoas que haviam sido presas dias antes, sob suspeita de planejarem um atentado terrorista no ano-novo. 

Terror. Em Munique, a ameaça foi considerada “concreta”. Duas estações de trem foram esvaziadas, o sistema de transporte fortemente afetado e soldados armados foram distribuídos pela cidade. “Por favor, evitem aglomerações e as estações de trem de Munique e Pasing”, alertou a polícia local.

 

A iniciativa foi tomada depois que os alemães receberam informações do serviço de inteligência da França, descrevendo o risco de ataque de cinco a sete militantes do Estado Islâmico da Síria e do Iraque.

Nesta sexta, porém, a polícia não conseguiu prender nenhum suspeito. O ministro do Interior da Baviera, Joachim Herrmann, admitiu que não existiam mais indicações concretas de atentado, mas alertou que a ameaça geral de terrorismo na Europa permanece elevada.

O chefe da polícia, Hubertus Andra, foi questionado sobre se o alerta havia sido precipitado. “Se os alertas são tão concretos, temos de agir”, respondeu. Andra, porém, foi obrigado a reconhecer que sequer sabia se os nomes dos suspeitos eram verdadeiros.

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Fontes do serviço de inteligência de um país europeu ouvidas pelo Estado, porém, admitem que as incertezas durante as festas de fim de ano e os resultados das operações refletem a nova realidade da Europa. “Lutamos muitas vezes contra um inimigo invisível, que se esconde, se mescla com a população local e só aparece quando pode ser tarde demais”, explicou. 

Nesta sexta, a França viveu nova tensão. Um homem conduziu seu carro deliberadamente em direção a quatro soldados que vigiavam uma mesquita em Valence. O motorista ficou ferido e foi detido após um tiroteio. O suspeito não corre risco de vida e deve ser questionado sobre os motivos da ofensiva. 

De acordo com o líder da mesquita de Valence, Abdallah Dliouah, o condutor era de origem árabe, mas não proferiu qualquer tipo de mensagens jihadistas ao avançar sobre os militares. 

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