O presidente da Bolívia, Evo Morales, inicia nesta quinta-feira, 22, um terceiro mandato, no qual permanece no poder até 2020. Com grande apoio popular e maioria no Congresso, Evo buscará acelerar um processo de mudanças – como a reforma do Judiciário –, apesar da crise econômica externa que ameaça a América Latina neste ano.
O presidente boliviano, que chegou ao poder em 2006, participa hoje de uma cerimônia oficial na Assembleia Legislativa Plurinacional, onde estarão outros seis mandatários, dentre eles a presidente Dilma Rousseff.
Eleito em outubro do ano passado com 61% dos votos, Evo protagonizou na quarta-feira, 21, uma cerimônia espiritual dos povos indígenas em um centro da cultura Tiwanaku.
Para o novo mandato que se inicia, o presidente boliviano prepara uma “renovação quase total” do gabinete ministerial, cujos membros renunciaram na terça-feira, 20. As mudanças devem ser anunciadas na sexta-feira. De acordo com o jornal boliviano La Razón, fontes do Palácio Quemado confirmaram que dos 21 ministros de Estado, apenas quatro permanecem no posto, entre eles Luis Arce (Economia) e o chanceler DavidChoquehuanca.
Diferentemente dos anos anteriores, o gabinete ministerial de Evo não apresenta paridade de gênero. Se em 2010 e 2011 50% eram mulheres, nos anos seguintes esse número baixou para 35%.
Gestão. Em seus primeiros nove anos de governo, Evo nacionalizou os recursos naturais, dentre elas hidrocarbonetos, e deu ao Estado o controle das principais empresas de caráter estratégico, como telecomunicação e eletricidade.
Favorecido pelo preço do gás – que exporta para o Brasil e para a Argentina – o Estado boliviano passou a destinar tais recursos para melhorar a distribuição de renda dentre as camadas mais pobres do país.
Sem dúvida, “agora terá de governar diante da queda do petróleo e da baixa dos preços de gás. Terá de fazê-lo já em condições do boom econômico de nove anos atrás”, disse à AFP o analista Carlos Toranzo.
A Bolívia prevê para este ano um ritmo de crescimento econômico de 5,9%, parecido com o ano de 2014, quando seu PIB alcançou US$ 30 bilhões.
Além disso, o terceiro mandato de Evo pode trazer variantes em relação aos anos anteriores, marcados por uma posição fortemente alinhada com o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, morto em 2012.
Para o ex-chanceler Gustavo Fernández, “a política externa boliviana do próximo quinquênio deverá fundar-se mas em promoção ou defesa dos interesses econômicos e políticos concretos da nação e menos em pré conceitos ideológicos”. / AFP