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Ex-banqueiro substitui ministro da Economia em novo gabinete francês

A troca é o mais recente episódio do debate europeu sobre o tamanho do rigor fiscal que as economias da região podem suportar

Por MARK JOHN E JULIEN PONTHUS
Atualização:
Macron, ex-banqueiro de 36 anos, atuou como principal conselheiro econômico de Hollande até junho Foto: Alain Jocard/AP

O presidente francês, François Hollande, substituiu seu ministro da Economia dissidente e de esquerda por um ex-banqueiro nesta terça-feira, troca com a qual almeja reconciliar seus esforços para ressuscitar a economia estagnada da França com a ortodoxia de redução do déficit do país.

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A troca é o mais recente episódio do debate europeu sobre o tamanho do rigor fiscal que as economias da região podem suportar enquanto se recuperam de crises financeiras. Para Hollande, que reformula seu governo pela segunda vez em dois anos, pode ser a última chance de ter uma presidência bem sucedida.

Arnaud Montebourg, expulso da pasta na segunda-feira depois de seu último discurso contra a “austeridade” imposta pela Alemanha na zona do euro, foi substituído por Emmanuel Macron.

Macron, ex-banqueiro de 36 anos, atuou como principal conselheiro econômico de Hollande até junho. Ele ficou amplamente conhecido no mundo dos negócios francês como o seu "ouvido" no palácio presidencial.

O novo gabinete estreia poucas semanas antes das duras negociações em casa e com parceiros da União Europeia a respeito do orçamento do 2015, quando é amplamento esperado o rompimento das promessas feitas à Bruxelas de cortes dos déficits.

Fontes próximas a Hollande disseram que o novo gabinete, cujos ocupantes tiveram seus nomes revelados nas escadarias do palácio Elysee, irá levar a cabo seu plano para reconciliar medidas pró-mercado para estimular o crescimento – incluindo 40 bilhões de euros em cortes de impostos às empresas – com promessas de aderir às regras orçamentárias da União Europeia.

“Precisamos agir de forma a garantir solidariedade, respeito e consistência”, afirmou uma fonte sobre o esforço do mandatário para superar os dois anos de liderança confusa que fizeram seus índices de aprovação despencarem a níveis recordes.

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O ministro das Finanças, Michel Sapin, foi mantido no cargo, no qual tem tentado assegurar aos parceiros franceses na UE que seu país finalmente irá sanear suas finanças públicas, apesar de ter se mostrado repetidamente incapaz de reduzir seu déficit abaixo do limite defendido pelo bloco – 3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Sapin foi minado pelos questionamentos públicos do ex-ministro Montebourg a respeito das regras da União Europeia.

Embora os apelos de Montebourg por uma maior liberalidade fiscal para estimular o crescimento tenham começado a ganhar terreno fora da França, outros insistem que reduzir o sistema de bem estar social e os gastos governamentais é necessário para tornar as economias mais competitivas.

Falando à rede de televisão France 2 após a nomeação dos novos ministros, o primeiro-ministro, Manuel Valls, disse que irá pedir um voto de confiança ao parlamento em setembro ou outubro. A consulta não é obrigatória, o que dá a entender que Valls acredita que irá obter o apoio da maioria dos deputados da Assembleia Nacional.

(Reportagem adicional de Ingrid Melander e Alexandria Sage em Paris, de Michelle Martin em Berlim e da redação em Viena)

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