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Expulso por Maduro, embaixador espanhol deixa a Venezuela

Jesús Silva Fernández embarcou nesta terça-feira para Madri depois de ser declarado 'persona non grata' por Caracas, na quinta-feira; ele garantiu, porém, que seu país continuará tratando o líder venezuelano 'com o respeito que merece um chefe de Estado'

Atualização:

CARACAS - O embaixador da Espanha na Venezuela, Jesús Silva Fernández, viajou nesta terça-feira, 30, a Madri depois de ser declarado na quinta-feira "persona non grata" pelo governo de Nicolás Maduro, que lhe deu 72 horas para deixar o país.

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Venezuela declara embaixador espanhol em Caracas persona non grata

O diplomata espanhol deixou o país pelo Aeroporto Internacional Simón Bolívar, perto de Caracas, às 22 horas de segunda-feira (0h de terça, em Brasília) em um voo da Air Europa depois de se despedir da Venezuela com uma mensagem de agradecimento e a promessa de que seguirá trabalhando na Espanha em prol do país caribenho.

Embaixador espanhol em Caracas, Jesús Silva Fernández, conversa com a imprensa momentos antes de embarcar para Madri Foto: EFE /Fran del Olmo

Em declarações à imprensa minutos antes de entrar na sala de embarque, Silva Fernández afirmou que a decisão de expulsá-lo "não é justificada em nenhum caso" e indicou que seu país sempre foi respeitoso com a Venezuela e com Maduro.

"Sempre tratamos o senhor presidente (Maduro) com respeito e vamos continuar agindo desta forma, como merece um chefe de Estado. Também exigimos o mesmo respeito. Espanha e Venezuela têm que se entender. Neste momento, os embaixadores estarão ausentes não por culpa da Espanha, mas por culpa da Venezuela", afirmou.

Para entender: A Venezuela em cinco crises

Silva Fernández ressaltou, no entanto, que seu país trabalha para a "reconciliação dos venezuelanos, para que haja uma via de acordo, que permita uma prosperidade, que permita liberdade (...) que possam respeitar os direitos de todas as pessoas da Venezuela".

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Questionado se a decisão do governo de Maduro de declará-lo persona non grata afeta o diálogo entre o chavismo e a oposição, o embaixador disse que na sua opinião não é bom dizer que isto afeta as conversações.

"Creio que não é bom dizer que o governo ao expulsar o embaixador da Espanha está prejudicando o processo de diálogo porque Espanha e a embaixada foram um elemento que contribuíram para o diálogo e para a aproximação das posturas", disse o diplomata, ressaltando que as primeira conversas entre o chavismo e a oposição foram realizadas na sede da diplomacia espanhola em Caracas.

Neste sentido, Silva Fernández apontou que a negociação entre o governo Maduro e a oposição tem que ser realizada "de boa fé, com ânimo de que haja vontade de fechar acordos" e não só de negociar.

Espanha declara embaixador venezuelano persona non grata no país

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Ele também disse acreditar que sua expulsão é reversível, mas que não sabe quanto tempo a situação demorará para ser normalizada. "Nosso desejo é ter relações plenas quando a situação permitir", afirmou, indicando que a embaixada e o consulado da Espanha na Venezuela continuarão funcionando normalmente.

As relações diplomáticas entre Espanha e Venezuela têm atravessados alguns momentos de tensão nos últimos anos. O governo espanhol anunciou na sexta-feira que declarou persona non grata o embaixador da Venezuela em Madri, também lhe dando 72 horas para deixar o país - resposta que considerou "proporcional e recíproca" à medida adotada pelas autoridades de Caracas. / EFE

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