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Extrema direita fracassa em eleições regionais na França

Frente Nacional termina sem nenhum presidente regional eleito; Partido Republicano tem 7 vitórias e Socialista, 5

Por Andrei Netto e CORRESPONDENTE/PARIS
Atualização:

PARIS - O partido de extrema direita Frente Nacional (FN) fracassou neste domingo, 13, no segundo turno das eleições regionais da França e não conquistou nenhuma vitória frente aos adversários de direita e socialista. Uma semana depois de obter a maioria e chegar em condições de vitória em três regiões, a agremiação liderada por Marine Le Pen não conseguiu progredir. 

O Partido Republicano (PR), do ex-presidente Nicolas Sarkozy, venceu em sete pleitos, e o Partido Socialista (PS), do atual presidente, François Hollande, venceu em cinco.

Marine Le Pen, líder do partido direitista Frente Nacional Foto: AP Photo/Michel Spingler

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A eleição teve mobilização recorde para uma votação regional, com quase 60% de participação do eleitorado. Segundo analistas políticos, a alta participação foi uma resposta ao sucesso do partido direitista em todo o país. Neste domingo, todas as atenções estavam voltadas para Nord-Pas-de-Calais-Picardie, Provences-Alpes-Côte d’Azur e Alsace-Champagne-Ardenne-Lorraine, regiões onde a FN tinha condições reais de vitória.

Em Nord-Pas-de-Calais-Picardie, o conservador Xavier Bertrand, do PR, obteve 58% dos votos, contando com o apoio dos socialistas. A eurodeputada Marine Le Pen, que concorria ao cargo, teve 42%. Em discurso, a líder direitista atribuiu o resultado à união entre republicanos e socialistas. “Há uma ausência de mudança, apesar das alternâncias de poder”, reclamou, atacando François Hollande. “Em seus bastiões do Norte e do Sul, nós erradicamos o partido socialista doentio. Eleição após eleição, o crescimento da corrente nacional é inexorável.”

Ainda segundo Marine Le Pen, a série de 13 derrotas nas eleições de hoje deve ser encarada como uma vitória. “Em toda a França, nosso escore nunca foi tão forte. Isso é apenas o início.”

Apesar dos resultados negativos no final de semana, a FN foi o partido que mais cresceu na França nos últimos quatro anos, chegando a eleger 350 conselheiros regionais – equivalentes a deputados estaduais no Brasil. Um dos efeitos práticos do resultado é que o partido não deverá ter dificuldades de somar o número mínimo de 500 apoios entre eleitos para a candidatura de Marine Le Pen à presidência em 2017. 

Quanto aos demais partidos, direita e esquerda disputavam palmo a palmo até o final da noite a vitória em Île-de-France, região de Paris. A ex-ministra conservadora Valérie Pecresse reivindicou o primeiro lugar mesmo somando 43,2% dos votos, contra 42,9% de seu adversário socialista, o presidente da Assembleia Nacional, Claude Bartolone. A tendência, segundo os institutos de pesquisa, era de consolidação do resultado.

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Embora tenham dividido as vitórias no país, os líderes do PR e do PS não comemoraram o resultado. Em seu pronunciamento, Sarkozy afirmou que somente a união com o centro permitiu o resultado favorável a seu partido, mas ressaltou que o risco representado pela FN ainda é concreto. 

Responsável pela campanha do PS, o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, também lembrou o resultado obtido pela família Le Pen. “O perigo da extrema direita não pode ser descartado”, alertou. 

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