Fidel diz que Cuba não precisa de presentes dos EUA e não esquecerá o passado
Em um artigo intitulado ‘O irmão Obama’, ex-líder cubano afirmou que presidente americano usou as ‘palavras mais açucaradas’ durante discurso
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Por Redação
Atualização:
HAVANA - O ex-presidente cubano Fidel Castro afirmou que, apesar da recente visita de Barack Obama, a ilha não precisa de presentes dos EUA, e não esquecerá o passado de confrontos com Washington.
"Não precisamos que o império nos presenteie com nada", escreveu Fidel, de 89 anos, em um artigo publicado nesta segunda-feira, 28, no jornal oficial Granma, com o título "O irmão Obama", uma semana depois da histórica visita do presidente americano ao país.
Barack Obama visita Cuba acompanhado de sua família
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Obama visita Cuba
No último dia da sua visita a Cuba, o presidente Barack Obama foi com a família ao emblemático Estádio Latino-Americano de Havana para assistir ao ami... Foto: AP Photo/Pablo Martinez MonsivaisMais
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Antes do início da partida, a família Obama - a primeira-dama Michelle, as filhas Sasha e Malia e o presidente - fizeram um minuto de silêncio em home... Foto: AFP PHOTO / Rodrigo ARANGUAMais
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Obama e Raúl Castro assistem a partida de beisebol em Cuba em 2016 Foto: REUTERS/Jonathan Ernst
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Presidente dos EUA, Barack Obama acena do avião presidencial acompanhado de sua mulher, Michelle Obama, no Aeroporto Internacional JoseMarti em Havana Foto: AP Photo/Fernando Medina
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Em sua primeira noite em Havana,Obama jantou no paladar San Cristóbal, um dos negócios particulares que se multiplicam em Havana Foto: Stephen Crowley/The New York Times
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Obama está acompanhado de sua mulher Michelle Obama, e de suas filhas, Malia e Sasha Foto: REUTERS/Carlos Barria
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Filhas de Obama, Sasha (esq.) e Malia (dir.) acompanham seus pais em visita à Catedral de los Angeles em Havana Foto: Stephen Crowley/The New York Times
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Durante visita, Obama se encontrará com o presidente cubano RaúlCastro no Palácio da Revolução, palco do terceiro encontro entre os doisdesde o anúnci... Foto: EFE/Orlando BarríaMais
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Governo americano vê o setor privado como um dos motores de mudanças em Cuba e defende que as restrições sejam reduzidas Foto: AP Photo/Ramon Espinosa
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Obama também participará de um fórum de negócios entre líderes empresariais americanos e empreendedores cubanos do setor privado da ilha Foto: AFP PHOTO/Nicholas KAMM
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Noúltimo dia devisita ao território cubano,Obama se encontrarácom representantes da sociedade civil, incluindo membros da dissidência interna Foto: AFP PHOTO / Yuri Cortez
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Fidel afirmou que o povo deste "nobre e abnegado país" não renunciará "à glória, aos direitos e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da educação, da ciência e da cultura".
"Nossos esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com a paz e a fraternidade de todos os seres humanos que vivem neste planeta", precisou Fidel no artigo.
Ele também analisou o discurso que Obama fez ao povo cubano durante sua visita à ilha, a primeira de um líder americano à Cuba revolucionária. "Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo", ressaltou Fidel.
Sobre as declarações de Obama a favor de "esquecer o passado e olhar para o futuro", o ex-presidente cubano considera que o americano utilizou as "palavras mais açucaradas", e afirmou que os cubanos correram "o risco de um infarto" ao escutar o presidente dos EUA falar de cubanos e americanos como "amigos, família e vizinhos".
"Após um bloqueio impiedoso que durou quase 60 anos, e os que morreram nos ataques mercenários a embarcações e portos cubanos, além de invasões mercenárias, múltiplos atos de violência e de força?", questiona Fidel.
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Segundo ele, "um dilúvio de conceitos inteiramente inovadores" entraram na mente dos cubanos que o escutavam quando este afirmou que sua visita a Cuba tinha o propósito deixar para trás a Guerra Fria nas Américas e de estender uma "mão de amizade" ao povo cubano.
Os acordos entre EUA e Cuba desde a retomada das relações diplomáticas
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16 de março de 2016 - Postagem
Voo inaugural do restabelecido serviço de correio postal diretoentre Cuba e EUA chega a Havana procedente de Miami (Flórida) Foto: Reuters
Fidel lembra a Invasão de Baía dos Porcos, quando em 1961 "uma força mercenária com canhões e infantaria blindada, equipada com aviões, foi treinada e acompanhada por navios de guerra e porta-aviões dos EUA, atacando de surpresa nosso país".
"Nada poderá justificar aquele ataque que custou a nosso país centenas de baixas entre mortos e feridos", lembra Fidel Castro, sobre aquele acontecimento que aprofundou a divisão entre EUA e a Cuba revolucionária.
Fidel Castro também criticou que nas declarações de Obama sobre a origem mestiça tanto de Cuba como dos EUA, não mencionou que "a discriminação racial foi varrida pela Revolução", que aprovou "a aposentadoria e o salário de todos os cubanos" antes de o presidente americano "completar dez anos". /AFP e EFE