Fidel Castro participa do encerramento do 7º Congresso do Partido Comunista

Nesta terça, último dia da reunião dos delegados do partido único da ilha comunista, o presidente Raúl Castro também foi confirmado na liderança do PCC

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Por Redação
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HAVANA - O líder cubano Fidel Castro participou nesta terça-feira, 19, ao lado de seu irmão, o presidente Raúl Castro, do encerramento do 7º Congresso do Partido Comunista de Cuba (PCC, partido único na ilha), onde foi recebido com uma salva de palmas, de acordo com a imprensa oficial do país.

"Em breve completarei 90 anos. Nunca poderia imaginar isso e nunca foi resultado de um esforço, foi puro acaso. Em breve, serei como todas as outras pessoas", afirmou o líder cubano afastado do poder em 2006 por problemas de saúde que reconheceu que "talvez (essa) seja uma das últimas vezes" que falará no Congresso do PCC, segundo o texto do discurso divulgado pela imprensa oficial cubana.

Raúl Castro (dir.) aplaude o irmão Fidel Castro durante o encerramento do 7º Congresso do Partido Comunista, em Havana Foto: AFP PHOTO / ACN / OMARA GARCIA MEDEROS

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"A hora de todo mundo vai chegar, mas ficarão as ideias dos comunistas cubanos como prova de que neste planeta, quando se trabalha com fervor e dignidade, é possível produzir os bens materiais e culturais que os seres humanos precisam", afirmou Fidel Castro.

O ex-presidente instou os comunistas cubanos a transmitir para o mundo e para a América latina que "o povo de cuba vencerá" e indicou aos 1 mil delegados do Congresso do Partido Comunista que essa é a "maior honra que recebeu em toda sua vida", ao que "se soma o privilegio de ser revolucionário".

"Por que me tornei socialista? Mais claramente, por que me converti em comunista? Essa palavra que expressa o conceito mais distorcido e caluniado da história por parte daqueles que tiveram o privilégio de explorar os pobres - que foram privados de todos os bens materiais que proporcionam o trabalho, o talento e a energia humana", expressou Fidel.

O líder cubano explicou que descobriu o socialismo com 20 anos, quando estudava direito e ciências políticas, "sem um mentor" para ajudá-lo no estudo do marxismo-leninismo, numa época em que tinha "total confiança" na União Soviética.

"Não devem se passar outros 70 anos para que ocorra um acontecimento como a Revolução Russa, para que a humanidade tenha outro exemplo de uma grandiosa revolução social que significou um enorme passo na luta contra o colonialismo e seu inseparável companheiro, o imperialismo", completou Fidel.

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Delegados do Partido Comunista de Cuba votam no Congresso da legenda Foto: Ismael Francisco / Cubadebate via AP

Esta é a segunda vez que Fidel aparece em público este mês, depois de no último dia 7 ele ter participado de um tributo à Vilma Espín, mulher de Raúl, falecida em 2007 e considerada uma das heroínas da Revolução.

Deliberações. O partido informou que Raúl terá um segundo mandato como chefe do Partido Comunista e outros políticos no poder desde a revolução de 1959 também manterão seus cargos, apesar de um plano de abrir espaço para líderes jovens.

Ao final do congresso, o primeiro em cinco anos, o PCC informou que foram reeleitos Raúl, como primeiro secretário, e José Ramon Machado Ventura, de 85 anos, como segundo secretário. Jovens não foram eleitos. 

Em uma mostra do sigilo que envolveu o congresso do partido, os discursos de encerramento e resultados do evento político mais importante do país não foram transmitidos ao vivo na TV estatal, que no lugar disto transmitiu uma novela.

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Além das decisões sobre a direção do partido, o 7º Congresso dos comunistas cubanos, que começou no sábado passado, aprovou, entre outros assuntos, os documentos sobre o andamento do plano de reformas iniciado há cinco anos, o plano econômico até 2030, assim como o Relatório de Raúl Castro, no qual propôs limites máximos de idade para integrar os órgãos de governo do PCC e encaminhar um substituto.

O encerramento do encontro coincide com a data em que é lembrado o 55º aniversário da vitória de Cuba após 72 horas de enfrentamentos com forças financiadas pelos Estados Unidos que invadiram a Baía dos Porcos, destacada na ilha como a primeira derrota do império estadunidense na América Latina. / EFE e REUTERS

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