Fim de subsídio afasta eleitores de Correa

Aposentados e pensionistas que perderam benefícios sociais dizem que votarão na oposição

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Foto do author Luiz Raatz
Por Luiz Raatz e Quito
Atualização:

A decisão do presidente do Equador, Rafael Correa, de cortar o subsídio de 40% dado pelo governo ao Instituto de Segurança Social do Equador (IESS), em 2015, provocou a insatisfação de aposentados e de pensionistas, mesmo em redutos que tradicionalmente votam no partido do presidente, o Alianza País, em Quito. 

No bairro de La Michelena, no sul da cidade, esta é uma das fontes do descontentamento de eleitores que antes optavam por Correa e agora se dividem entre os demais opositores em razão do corte dos benefícios sociais. 

Rafael Correa (C) faz campanha com seu candidato, seu vice Lenín Moreno, em Quito Foto: AP Photo/Dolores Ochoa

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“Sempre votei em Correa, mas agora nossas aposentadorias estão em risco”, disse ao Estado Antonio Gómez, no Mercado Maior de Quito, no bairro de La Michelena. “Lenín parece boa pessoa, mas não sei se merece minha confiança. Acho que votarei em Cinthia (Viteri, do Partido Social Cristão, terceira colocada nas pesquisas).”

A reforma na previdência de Correa, aprovada pela Assembleia Nacional, na qual o presidente tem maioria, previa cobrir esse subsídio com o aumento da contribuição de patrões e empregados, prolongar a base de contribuição para aposentadorias futuras e cortar os benefícios extras pagos a pensionistas de salários mais baixos: de 16% do salário, o incremento caiu para entre 4% e 7%.

“Hoje, por exemplo, tenho de escolher o que vou comprar ou o dinheiro não chega ao fim do mês”, afirmou Gómez, enquanto examinava lentilhas, feijões e arroz expostos nas prateleiras do mercado – que recebe produtos de diversas zonas agropecuárias do país. 

Cálculos. Na ocasião, Correa disse que o IESS era superavitário e não necessitava mais de aporte do Estado. Consultorias independentes avaliam, no entanto, que o subsídio era, na prática, o que tornava o sistema previdenciário superavitário. 

Após anos de crescimento, país enfrenta recessão Foto: Infográfico / Estadão

“Ele fez muitas coisas boas. Temos aqui no bairro, por exemplo, um centro de saúde que nos atende gratuitamente. Mas eu perdi parte do bônus que fazia diferença para mim e minha mulher”, disse Francisco Valencia, outro aposentado que frequentava o mercado na manhã de sexta-feira. “Não gosto de Lasso, porque é banqueiro. Talvez também vote em Cinthia.”

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Na Praça Mayor de Quito, a insatisfação também é similar. “Estamos todos irritados por esse corte de subsídios”, afirma o aposentado Carlos Urrutia. 

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