Forças de segurança entram em choque com oposicionistas no Irã

Manifestantes tomaram ruas para marcar 30 anos de invasão de Embaixada dos EUA.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Forças de segurança do Irã entraram em choque nesta quarta-feira com manifestantes de oposição na capital do país, Teerã, de acordo com relatos de testemunhas e da imprensa estatal. O protesto, na praça Haft-e Tir, ocorreu perto de uma outra manifestação, que teve o apoio do governo e que marcava os 30 anos da invasão da Embaixada dos Estados Unidos em Teerã por estudantes na época da Revolução Islâmica no país. Policiais teriam usado gás lacrimogêneo e cassetetes contra os oposicionistas. Há informações não confirmadas de que as forças de segurança também teriam disparado contra os manifestantes. Um vídeo colocado em uma página na internet dos reformistas iranianos mostrou centenas de manifestantes pelas ruas do centro de Teerã gritando frases como "morte aos ditadores". Um canal de televisão estatal iraniano informou que a manifestação oposicionista já foi dispersada. Ônibus atacado Muitos dos manifestantes oposicionistas usavam lenços verdes ou fitas, que foram usadas durante os protestos contra o resultado das eleições iranianas, em junho. Os oposicionistas afirmaram naquela ocasião que as eleições tinham sido fraudadas para garantir a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Nesta quarta-feira a tropa de choque e milicianos pró-governo lotaram as ruas da região central de Teerã, e as forças de segurança teriam detido algumas pessoas. A agência de notícias estatal IRNA informou que os manifestantes incendiaram latas de lixo e atacaram um ônibus. Dois policiais teriam ficado feridos. No entanto é muito difícil confirmar estas informações, já que as autoridades colocaram restrições severas a organizações de imprensa estrangeiras. Líderes de oposição A Guarda Revolucionária iraniana alertou os grupos oposicionistas do país, pedindo que eles não fizessem manifestações no aniversário de 30 anos da tomada da embaixada americana. Em novembro de 1979, 52 diplomatas americanos foram feitos reféns no prédio da Embaixada e mantidos presos por 444 dias por estudantes que apoiavam a revolução iraniana. O líder de oposição e ex-candidato à presidência Mehdi Karroubi teria participado brevemente da manifestação na praça Haft-e Tir, de acordo com o site reformista Mowjcamp. Segundo informações não confirmadas a polícia cercou a casa de outro líder de oposição, Mir Hossein Mousavi, para evitar que ele participasse do protesto. O site Mowjcamp também informou que foram feitas prisões em outra praça iraniana, a Firdowsi. Pelo menos 30 manifestantes foram mortos em confrontos com a polícia e milhares foram presos desde a eleição presidencial de junho. Cerca de 200 ativistas continuam presos e três foram sentenciados à morte. Também nesta quarta-feira, para marcar os 30 anos da invasão da Embaixada Americana em Teerã, o presidente americano Barack Obama divulgou uma declaração na qual pede que o governo do Irã vá além da "suspeita, desconfiança e confronto" que prevaleceram entre o Irã e os Estados Unidos desde então. "O Irã precisa escolher", afirma a declaração."Durante 30 anos ouvimos sobre o que o governo iraniano é contra; a questão agora é que tipo de futuro ele é a favor." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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