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Forças pró-Khadafi retomam cidade a leste de Trípoli, diz TV estatal

Em entrevista, líder líbio acusou a Al Qaeda e governos europeus de fomentar rebelião.

Por BBC Brasil
Atualização:

Tropas leais ao líder líbio estariam visando alvos no subúrbio da cidade A rede de televisão estatal da Líbia afirmou nesta quarta-feira que a cidade de Zawiya, a leste da capital, Trípoli, foi retomada pelas forças leais ao líder do país, coronel Muamar Khadafi. A informação ainda não foi confirmada por fontes independentes. Tropas leais ao líder líbio estariam visando alvos no subúrbio da cidade e tentando retomar o controle da praça principal. Zawiya, que foi tomada por forças opostas ao regime há duas semanas, vem sofrendo pesados bombardeios. Diversas pessoas teriam morrido devido às incursões aéreas. Outro reduto dos rebeldes, a cidade de Ras Lanuf, também sofreu pesados ataques aéreos e de artilharia. As incursões teriam deixado pelo menos 30 pessoas feridas. Otan O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse nesta quarta-feira que a aliança militar não pretende intervir na Líbia, onde as forças pró e contra Khadafi se enfrentam desde meados de fevereiro, mas afirmou que a entidade está preparada para entrar em ação. "Nós pedimos a nossos militares que realizem um planejamento prudente para todas as eventualidades", disse Rasmussen em entrevista à emissora Sky News. Em entrevista à TV turca TRT, Khadafi disse nesta quarta-feira que a população pegará em armas se uma zona de exclusão aérea for imposta à Líbia por países ocidentais ou pela ONU, como vários líderes rebeldes vêm pedindo. Khadafi afirmou que países ocidentais querem impor a zona de exclusão aérea para "tomar o petróleo líbio". "Se eles tomarem esta decisão, será útil para a Líbia, porque o povo líbio verá a verdade, que o que eles querem é assumir o controle da Líbia e roubar seu petróleo", disse Khadafi. "Então o povo líbio pegará em armas contra eles", afirmou. Países ocidentais vêm discutindo a possibilidade de impor uma zona de restrição a voos sobre a Líbia para impedir ataques aéreos de forças leais ao governo contra rebeldes. Os EUA se opuseram à medida, e afirmam que qualquer decisão a respeito deve ser tomada pela ONU. Mais de mil pessoas teriam morrido desde que rebeldes começaram sua revolta contra o regime líbio há três semanas, exortando Khadafi a deixar o poder, após 41 anos. Cerca de 212 mil pessoas - a maioria trabalhadores imigrantes - já deixaram o país, segundo estimativas da ONU. Em discurso transmitido pela TV estatal líbia horas antes da entrevista, Khadafi acusou "forças externas" de estarem fomentando as insurreições que estão ocorrendo no país. Ele disse que governos europeus e a rede Al-Qaeda estão incitando a juventude da Líbia a aderir à revolta contra seu governo. Regime Os rebeldes tentam pôr fim ao regime de 41 anos do coronel Khadafi, que tomou o poder quando tinha apenas 27 anos de idade. O conflito entre forças leais ao regime e opositores já teria matado mais de mil pessoas. A ONU estima que cerca de 212 mil pessoas estão desabrigadas em decorrência dos combates. Representantes da resistência vêm pedindo a implementação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, a fim de impedir os ataques aéreos. Mas a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que a decisão de impor um bloqueio aéreo sobre a Líbia depende da ONU e não dos Estados Unidos. Zonas de exclusão aérea foram impostas sobre as regiões sul e norte do Iraque durante a primeira Guerra do Golfo, em 1991, e durante o conflito na Bósnia, entre 1994 e 1995. O ministro das Relações Exteriores da Líbia, Musa Kusa endossou as declarações do líder líbio. ''Agora está claro que a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos estão em contato com os dissidentes do leste da Líbia. Isso significa que há uma conspiração para dividir a Líbia'', afirmou. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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