BRASÍLIA - O ministro dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento Internacional da França, Laurent Fabius, afirmou que seu país vai colocar à disposição do Brasil serviços de inteligência para troca de informações para reduzir ao máximo riscos à segurança do Brasil, no período da Olimpíada. "Compartilhamos da análise de que o que aconteceu em Paris poderia ter ocorrido em outros países, porque o terrorismo está organizado internacionalmente", disse, durante entrevista coletiva concedida neste domingo, 22, em Brasília. Para ele, é evidente a necessidade de que medidas de segurança sejam adotadas durante todo o período.
Fabius chegou ao Brasil neste fim de semana, como parte de um roteiro preparatório para a COP 21, que começa dia 30, na França. Na manhã deste domingo, ele se encontrou com a presidente Dilma Rousseff durante quase uma hora. O Brasil foi o último trecho do roteiro: nos últimos dias, Fabius esteve também na Índia e na África do Sul. Durante o encontro, Dilma prestou solidariedade sobre os ataques ocorridos há duas semanas. "Fiquei sensibilizado", relatou Fabius, que também prestou solidariedade sobre a tragédia ambiental ocorrida em Mariana.
O ministro alertou sobre a necessidade de que todos os países se preocupem "de forma séria" com medidas para o combate ao terrorismo. "Estou convencido de que tudo será feito", avaliou. O ministro de Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que a troca de informações será bem-vinda. "Durante o encontro, falamos sobre tristes acontecimentos, comentamos sobre as medidas que estão sendo adotadas", disse. Vieira observou que a França tem experiência em organizar eventos esportivos, citou como exemplo a Copa do Mundo e as Olimpíadas de Inverno. "Vamos ouvir e discutir os comentários e ver o que tem a oferecer."
O ministro francês comentou ainda sobre as medidas de segurança em torno da conferência de clima, que deverá se estender até o dia 11 de dezembro. Ele considerou essencial a manutenção do evento. "Não podíamos ceder. A partir de agora temos de manter a segurança em um nível de 100%", disse. A tarefa, em sua avaliação, é possível nos locais onde a reunião do clima deverá ocorrer. O mesmo, no entanto, não acontece nas ruas. "Estamos assegurando um número considerável de forças. Todas as delegações vão estar num sítio protegido. Mas não temos como assegurar a segurança nas ruas", disse, motivo pelo qual foram proibidas as manifestações. "Não temos como controlar a parte externa."
Questionado sobre a possibilidade de a Grã Bretanha participar das operações em campo, dentro da ofensiva contra o terrorismo desencadeada depois dos ataques em Paris, no último dia 13, Fabius procurou não ser taxativo. Informou que o primeiro-ministro David Cameron será recebido na França nesta segunda-feira, 23. "Não sei o que o primeiro-ministro deseja. Mas tenho observado que os amigos estão solidários para o combate ao terrorismo nas nossas análises e estão se voluntariando na luta." De acordo com o ministro, além de Cameron, serão realizados encontros com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na terça, 24, com a premiê alemã Angela Merckel na quarta, 25 e com o presidente russo Wladimir Putin na quinta, 26.
Diante da escalada do terrorismo, Fabius afirmou ser necessário atuar de forma “implacável”. “Ações de segurança necessitam ser exercidas de forma dura”, completou.