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França e EUA coordenaram deposição de Aristide no Haiti

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de profundamente divididos em relação à necessidade de se empreender uma guerra no Iraque, os organismos de relações exteriores dos EUA e da França atuaram de forma conjunta e coordenada no esforço para encontrar uma saída para a crise haitiana que evitasse um banho de sangue, afirmou hoje (o primeiro dia de sua visita oficial ao Japão, o ministro de Relações Exteriores da França, Dominique de Villepin. "A coordenação com os EUA desde o início da crise no Haiti se desenvolveu em muito boas condições e a partida de (Jean-Bertrand) Aristide foi o resultado desse bom trabalho", declarou Villepin. Agora à noite, autoridades da Repíblica Centro-Africana negavam que Aristide estivesse preso, como ele alegara a membros do Congresso dos EUA, assegurando também que fora sequestrado por forças americanas e obrigado a exilar-se. ?Aristide não é um prisioneiro da República Centro-Africana?, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Charles Wenezoui, que recepcionou o presidente deposto em sua chegada ao aeoroporto de Banqui. ?Ele é um homem livre e a presença de militares à volta do palácio presidencial, onde ele está, foram providenciadas para sua própria segurança.? Segundo o ministro francês, ele manteve vários contatos por telefone com seu colega americano, Colin Powell, desde domingo para tentar encontrar um destino seguro para Aristide. Por fim, as duas potências conseguiram convencer a República Centro-Africana a dar abrigo ao presidente deposto. "Tínhamos de encontrar rapidamente a maneira de sair dessa crise para evitar a escalada da violência e obter a autorização para o envio de uma força multinacional", prosseguiu Villepin. Os EUA e o Canadá "aprovaram o esquema de solução rápida para a crise e a partida de Aristide". O chanceler francês destacou que a chegada rápida dessa "força interina" - cujo número de efetivos não foi determinado - é fundamental até que as Nações Unidas estejam prontas para enviar seus capacetes-azuis, em três meses. Essa força se encarregará de criar um "entorno seguro" para a estabilização política e o envio de ajuda humanitária à população. Depois da nomeação do presidente interino, o então presidente da Corte Suprema, Boniface Alexandre - como previa a Constituição haitiana -, Villepin destacou que a comunidade internacional está empenhada em ajudar o Haiti a nomear um primeiro-ministro e, com o cessar-fogo, incentivar um movimento de reconciliação nacional. O Haiti foi colônia francesa até 1804 quando os haitianos derrotaram as forças de Napoleão. "Todas as forças políticas que estiverem dispostas a renunciar à violência podem e devem participar desse movimento", afirmou Villepin. "Nada de sério poderá ser feito no Haiti sem que antes se tenha restabelecido a paz e a segurança", acrescentou.

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